dezembro 04, 2009

poema adolescente - Sophia Silva de Almeida

Perdida no meu quarto
em meio àquela bagunça total
não achei a saída
agora,não era mais um quarto
era um labirinto de 4 paredes.
Agora eu tinha segredos
eu tinha deveres
eu tinha amores,e o passado
não valia mais,agora o que valia
era o futuro.enfim achei a saída
agora me faltava a chave
que eu também não sabia onde estava!!
porque acredite,aquilo era a verdadeira
BAGUNÇA!!
Procurei nos recantos mais claros
e nos mais sombrios da minha mente
aí me lembrei de que agora tenho que
pensar em quem eu realmente vou ser!!
Lembrar das pessoas que amei e das
pessoas que magoei.
e que apesar de tudo o que passei...
valeu a pena, pois hoje sou o que sou
e me orgulho disso.
agora achei a chave
mas não me lembro onde é a saída.
Por fim, estou condenada a viver assim
presa num quarto, tendo a chave mais
sem achar a saída, mas com a esperança de
novamente,ver a luz do dia
e o mundo lá fora,que apesar de ser lindo
é perigoso.
mais não tanto quanto minha mente...

by                       Sophia

novembro 19, 2009

Entrevista: Consciência Negra e Cotas raciais

Entrevista da professora e acadêmica de Direito Maria de Lourdes da Silva sobre 20 de novembro, dia nacional da Consciência Negra. Para ilustrar a entrevista, achei por bem colocar as fortes imagens do artista mexicanos David Alfaro Siqueiros, polêmico, subversor da ordem, pungente, que falam por si só sobre questões étnico-raciais e democracia e que tanto se parece com o sentido da fala da entrevistada

Diacui Pataxó - Professora Maria de Lourdes, estamos lhe entrevistando porque seu trabalho contra racismo e preconceito é reconhecido pela comunidade e principalmente por aqueles que foram seus alunos ao longo dos seus 25 anos de Magistério.

Maria de Lourdes - é verdade, sempre combatemos preconceitos com projetos, eventos e oficinas nas escolas, envolvendo colegas, estudantes e comunidade.

DP - O que a motivou sempre a estar à frente nestas atividades?

MLS como dizia a minha professora de metafísica, a poetisa Valdelice Pinheiro, a INDIGNAÇÃO, só podemos nos sentir vivos se ainda nos indignamos.
Sinto-me incomodada desde a adolescência, quando percebia muitas amigas de pele mais escura serem maltratadas, depois cresci vendo Klu-Klux-Klan, Apartheid, Nelson Mandela preso, li seu livro, assisti Steve Biko - um grito de Liberdade, Sarafina, Zumbi, li a história da escravidão no Brasil, olhei ao meu redor e vi racistas... Não pude me calar mais...

DP O que a senhora pensa a respeito das cotas raciais?

MLS - eu concordo plenamente com cotas raciais, acho que é o mínimo de indenização que o governo pode dar aos negros pelos trezentos e cinquenta anos de escravidão, com a bunda exposta na rua, amarrados no pelourinho, tomando chicotadas em público, herança maldita escrita no DNA de todos nós. Trezentos e cinquenta anos sem casa pra morar, sem chão seu pra lavrar, sem poder aprender a ler, sem ser dono do próprio corpo, geração após geração de meninas e mulheres estupradas por senhores, abusadas sexualmente, vilipendiadas na alma e no que pode haver de mais digno e decente no ser humano, o amor-próprio, a auto-estima! Crianças obrigadas a trabalhar, vidas inteiras comendo restos de migalhas das mesas ou as vísceras rejeitadas dos animais...cotas raciais não são nada diante da história, da diáspora compulsória, da escravidão secular.

DP - Haveriam outras alternativas?

MLS - Claro que sim! Na verdade, se nestes últimos cem anos a escola pública foi frequentada por negros e pobres, por que a cota-racial na Universidade pública é para negros? a cota racial deveria ser para os brancos. Eles estudaram fora da rede pública, nas melhores escolas particulares, nos melhores pré-vestibulares, por que são eles os donos das vagas nas escolas públicas e nós, os negros, o povo, os cotistas? Para sermos discriminados mais uma vez? Para sermos chamados de incompetentes? que não conseguimos passar no vestibular e por isso precisamos de cotas? Os brancos são minoria em nosso país. As cotas devem proteger minorias. As vagas são dos negros que obrigatoriamente alisam os bancos das escolas estaduais e municipais toda a sua vida, mas na hora H, da profissionalização de nível superior...!!!

DP - Essa idéia é bastante polêmica!

MLS - O Brasil precisa de polêmicas. Tudo no Brasil termina em pizza e cerveja, na beira da praia, numa mesa de bar, numa roda de piadas. Não se discute com clamor, não se fala sério, as pessoas não se indignam, não reclamam, não propõem o inusitado! Essa idéia é a descontrução do pensamento considerado dos mais avançados no Brasil por conta de combater o racismo! Após 30 anos de trabalho, dos quais 25 estive no Magistério, resolvi prestar vestibular para Direito e me inscrevi como cotista! Usei o subterfúgio que a lei me concedeu, mas preferia que tivesse sido de outra maneira. Como acadêmica de Direito, cotista, tenho percebido vários colegas na mesma situação destacando-se como os melhores alunos do curso.

DP Então o Ensino Fundamental precisa de mudanças?

MLS Claro que sim. Não de reformas mas de uma revolução. A qualidade do Ensino público e gratuito no Brasil está em cheque. Urge a transdisciplinaridade, a informatização das escolas... aqui em Ilhéus, na Bahia, os computadores chegam e ficam hum ano fechados dentro das salas das diretoras, porque a ordem é que só técnicos da Secretaria de Educação podem vir abrir e eles levam esse tempo para sair da Prefeitura e chegar na escola. A internet não é instalada e os discentes não tem acesso em casa nem na escola. O Cargo Ministério da Educação e Secretaria de Educação tem que ser ocupados por vontade política e não por técnicos e puxa-sacos políticos.

DP- Bem professora, quais suas palavras finais sobre o dia 20 de novembro, dia Nacional da Consciência Negra?

MLS- Digo que sempre fomos ensinados a nos acharmos feios, fedidos, sujos, preguiçosos, desgrenhados, nossa religião virou coisa do diabo - embora Netuno carregue um tridente impune do julgamento dos brancos - nossas vestes são espalhafatosas, nossa bunda é grande, nossos "beiços" são grossos... Mas somos lindos em nossa negritude e mestiçagem, cheiramos a mato e natureza, sempre fomos os que limpamos - gostaria de citar aqui aqui a música que Gilberto Gil compôs em 1984:

O branco inventou que o negro
Quando não suja na entrada
Vai sujar na saída, ê
Imagina só
Vai sujar na saída, ê
Imagina só
Que mentira danada, ê

Na verdade a mão escrava
Passava a vida limpando
O que o branco sujava, ê
Imagina só
O que o branco sujava, ê
Imagina só
O que o negro penava, ê

Mesmo depois de abolida a escravidão
Negra é a mão
De quem faz a limpeza
Lavando a roupa encardida, esfregando o chão
Negra é a mão
É a mão da pureza

Negra é a vida consumida ao pé do fogão
Negra é a mão
Nos preparando a mesa
Limpando as manchas do mundo com água e sabão
Negra é a mão
De imaculada nobreza

Na verdade a mão escrava
Passava a vida limpando
O que o branco sujava, ê
Imagina só
O que o branco sujava, ê
Imagina só
Eta branco sujão

É isso: Lembremos sempre da nossa dignidade!


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LIBERTEM CÉSARE BATTISTI

Carta aberta de Cesare Battisti a Lula e ao Povo Brasileiro


CARTA ABERTA
AO EXCELENTÍSSIMO SENHOR
LUÍS INÁCIO LULA DA SILVA
PRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
SUPREMO MAGISTRADO DA NAÇÃO BRASILEIRA
AO POVO BRASILEIRO
"Trinta anos mudam muitas coisas na vida dos homens, e às vezes fazem uma vida toda". (O homem em revolta - Albert Camus)
Se olharmos um pouco nosso passado a partir de um ponto de vista histórico, quantos entre nós, podem sinceramente dizer que nunca desejou afirmar a própria humanidade, de desenvolvê-la em todos os seus aspectos em uma ampla liberdade. Poucos. Pouquíssimos são os homens e mulheres de minha geração que não sonharam com um mundo diferente, mais justo.
Entretanto, frequentemente, por pura curiosidade ou circunstâncias, somente alguns decidiram lançar-se na luta, sacrificando a própria vida.
A minha história pessoal é notoriamente bastante conhecida para voltar de novo sobre as relações da escolha que me levou à luta armada. Apenas sei que éramos milhares, e que alguns morreram, outros estão presos, e muito exilados.
Sabíamos que podia acabar assim. Quantos foram os exemplos de revolução que faliram e que a história já nos havia revelado? Ainda assim, recomeçamos, erramos e até perdemos. Não tudo! Os sonhos continuam!
Muitas conquistas sociais que hoje os italianos estão usufruindo foram conquistadas graças ao sangue derramado por esses companheiros da utopia. Eu sou fruto desses anos 70, assim como muitos outros aqui no Brasil, inclusive muitos companheiros que hoje são responsáveis pelos destinos do povo brasileiro. Eu na verdade não perdi nada, porque não lutei por algo que podia levar comigo. Mas agora, detido aqui no Brasil não posso aceitar a humilhação de ser tratado de criminoso comum.
Por isso, frente à surpreendente obstinação de alguns ministros do STF que não querem ver o que era realmente a Itália dos anos 70, que me negam a intenção de meus atos; que fecharam os olhos frente à total falta de provas técnicas de minha culpabilidade referente aos quatro homicídios a mim atribuídos; não reconhecem a revelia do meu julgamento; a prescrição e quem sabem qual outro impedimento à extradição.
Além de tudo, é surpreendente e absurdo, que a Itália tenha me condenado por ativismo político e no Brasil alguns poucos teimam em me extraditar com base em envolvimento em crime comum. É um absurdo, principalmente por ter recebido do Governo Brasileiro a condição de refugiado, decisão à qual serei eternamente grato.
E frente ao fato das enormes dificuldades de ganhar essa batalha contra o poderoso governo italiano, o qual usou de todos os argumentos, ferramentas e armas, não me resta outra alternativa a não ser desde agora entrar em "GREVE DE FOME TOTAL", com o objetivo de que me sejam concedidos os direitos estabelecidos no estatuto do refugiado e preso político. Espero com isso impedir, num último ato de desespero, esta extradição, que para mim equivale a uma pena de morte.
Sempre lutei pela vida, mas se é para morrer, eu estou pronto, mas, nunca pela mão dos meus carrascos. Aqui neste país, no Brasil, continuarei minha luta até o fim, e, embora cansado, jamais vou desistir de lutar pela verdade. A verdade que alguns insistem em não querer ver, e este é o pior dos cegos, aquele que não quer ver.
Findo esta carta, agradecendo aos companheiros que desde o início da minha luta jamais me abandonaram e da mesma forma agradeço àqueles que chegaram de última hora, mas, que têm a mesma importância daqueles que estão ao meu lado desde o princípio de tudo. A vocês os meus sinceros agradecimentos. E como última sugestão eu recomendo que vocês continuem lutando pelos seus ideais, pelas suas convicções. Vale a pena!
Espero que o legado daqueles que tombaram no front da batalha não fique em vão. Podemos até perder uma batalha, mas tenho convicção de que a vitória nesta guerra está reservada aos que lutam pela generosa causa da justiça e da liberdade.
Entrego minha vida nas mãos de Vossa Excelência e do Povo Brasileiro.
Brasília, 13 de novembro de 2009
Cesare Battisti
http://cesarelivre.org/node/183

Carta em solidariedade a Cesare Battisti, por uma decisão justa e soberana do Estado brasileiro: a sua libertação
Dezembro de 2008
Vimos, em nome de brasileiros das mais diversas cores ideológicas, manifestar solidariedade ao escritor Cesare Battisti, cidadão italiano mantido preso pela Polícia Federal em Brasília desde março de 2007, acusado de crimes que nega ter cometido, com motivação política, ocorridos em seu país, na década de 1970 -- época em que o mundo estava dividido em dois pólos ideologicamente antagônicos e aconteciam conflitos em ampla escala, nas diversas nações.
Cabe salientar o quanto o episódio é inoportuno, num momento em que o Brasil desfruta de invejável liberdade, começa a pagar suas dívidas sociais e desenvolve esforços para ser reconhecido pelos organismos internacionais como uma nação capaz de assumir responsabilidades maiores na condução dos destinos da humanidade.
Neste sentido, é imperativo sermos vistos como um país que não só respeita os direitos dos seus próprios cidadãos, como apóia os estrangeiros vítimas de perseguições políticas em seus países de origem. A concessão de refúgio humanitário, nesses casos, é uma nobre tradição brasileira da qual não deveremos jamais abrir mão.
Cesare Battisti já sofreu demais. Merece viver em liberdade, com sua família, exercendo o ofício em que tanto se destacou. Merece a hospitalidade dos brasileiros cordiais (torçamos para que eles ainda existam e se manifestem!).
Não é só Cesare que está sendo posto à prova. Nós também: nossos sentimentos humanitários, nosso espírito de justiça, nossa consciência solidária.
Seria motivo de imensa vergonha para nós não oferecermos a um idealista injustiçado condições análogas às que propiciamos a ladrões como Ronald Biggs e ditadores com Alfredo Stroessner.
NOSSA LUTA NÃO É SÓ POR CESARE. É TAMBÉM POR NOSSA DIGNIDADE E ORGULHO NACIONAL.
VENCEREMOS!

Carta de Anita Prestes (filha de Olga Benário) pedindo a Lula que não entregue Battisti


Exmo. Sr. Presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva.
Na qualidade de filha de Olga Benário Prestes, extraditada pelo Governo Vargas para a Alemanha nazista, para ser sacrificada numa câmera de gás, sinto-me no dever de subscrever a carta escrita pelo
Sr. Carlos Lungarzo da Anistia Internacional (em anexo*), na certeza de que seu compromisso com a defesa dos direitos humanos não permitirá que seja cometido pelo Brasil o crime de entregar Cesare Battisti a um destino semelhante ao vivido por minha mãe e minha família.
Atenciosamente,
Anita Leocádia Prestes
http://cesarelivre.org/node/196

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novembro 17, 2009

ESTADO, GOVERNO E SOCIEDADE - NORBERTO BOBBIO - resumo de parte do capítulo III

5. Estado e Direito

Os elementos constitutivos do Estado

Deseja-se iniciar a reflexão e o fichamento desta parte do livro do ilustre filósofo político, historiador do pensamento político e senador vitalício italiano Norberto Bobbio, com o contraponto do pensamento de outro grande pensador, Pierre-Joseph Proudhon, marcando desde já uma postura de questionamento e crítica diante do estabelecido como certo, legal e normal. É verdade que o texto de Proudhon desconstrói o pensamento que ratifica o Estado e ou corrobora a idéia de Estado como um instrumento de organização e ordenamento da sociedade, mas é mister que se faça comparações para que assim as conclusões estejam mais subsidiadas e encorpadas num pensamento fundamentado numa visão plurilateral, dialética, e não unilateral, como sóe acontecer.

PIERRE-JOSEPH PROUDHON: SER GOVERNADO É...
“Ser governado é: ser guardado à vista, inspecionado, espionado, dirigido, legiferado, regulamentado, depositado, doutrinado, instituído, controlado, avaliado, apreciado, censurado, comandado por outros que não têm nem o título, nem a ciência, nem a virtude.
Ser governado é: ser em cada operação, em cada transação, em cada movimento, notado, registrado, arrolado, tarifado, timbrado, medido, taxado, patenteado, licenciado, autorizado, apostilado, admoestado, estorvado, emendado, endireitado, corrigido.
É, sob pretexto de utilidade pública, e em nome do interesse geral: ser pedido emprestado, adestrado, espoliado, explorado, monopolizado, concussionado, pressionado, mistificado, roubado;
Depois, à menor resistência, à primeira palavra de queixa: reprimido, corrigido, vilipendiado, vexado, perseguido, injuriado, espancado, desarmado, estrangulado, aprisionado, fuzilado, metralhado, julgado, condenado, deportado, sacrificado, vendido, traído e, para não faltar nada, ridicularizado, zombado, ultrajado, desonrado. Eis o governo, eis sua justiça, eis sua moral!
E dizer que há entre nós democratas que pretendem que o governo prevaleça; socialistas que sustentam esta ignomínia em nome da liberdade, da igualdade e da fraternidade; proletários que admitem sua candidatura à presidência! Hipocrisia!...”
PROUDHON, Pierre-Joseph. A propriedade é um roubo. L&PM Pocket. Porto Alegre. 2001. 172p. (p. 114-115). [15 de março de 2006]


“Desde quando do problema do Estado passaram a tomar conta os juristas, o Estado tem sido definido através de três elementos constitutivos: o povo, o território e a soberania”. Bobbio cita MORTATI (1969, p.23): o Estado é “um ordenamento jurídico destinado a exercer um poder soberano sobre um dado território, ao qual estão necessariamente subordinados os sujeitos a ele pertencentes”. Para Kelsen o poder soberano”é o poder de criar e aplicar direito,” recorrendo inclusive à força. O território é o espaço de atuação do Estado, em seus limites e fronteiras dá-se o poder soberano. Para Weber
não é possível definir uma associação política — inclusive o "Estado" — assinalando os fins da "ação da associação" [...] não existiu nenhum fim que ocasionalmente não haja sido perseguido pelas associações políticas; e não houve nenhum [...] que todas essas associações tenham perseguido. Só se pode definir, por isso, o caráter político de uma associação pelo meio [...] que sem ser-lhe exclusivo é certamente específico e para a sua essência indispensável: a coação física.

Kelsen, com sua idéia de que o Estado é uma técnica de ordenamento social encontra eco em Montesquieu, numa passagem clássica do Espírito das leis, onde ele, engrandecendo a nação que tem por objetivo a liberdade política, a Inglaterra, diz que “embora todos os Estados possuam em geral o mesmo fim, que é o de se conservar, cada Estado é levado a desejar um em particular” e exemplifica: “a expansão era o fim de Roma; a guerra o dos espartanos; a religião, o das leis judaicas”...
Bobbio diz que a existência do Estado prescinde de um território sobre o qual se tenha tomado tal poder que se possa estar ali sempre deliberando e comandando aqueles que, efetivamente, obedecem. E neste ponto lembra-se Thoreau ( 1995, p. 20) quando diz
A maioria dos homens serve ao Estado dessa maneira, não como homens de fato, mas como máquinas, com seus corpos . São o exército permanente, os membros da milícia, os carcereiros, os policiais, os posse comitatus1, etc. Na maioria dos casos, não há livre exercício nem do raciocínio nem do senso moral; eles se colocam porém ao nível da árvore, da terra, da pedra; talvez se possam manufaturar homens de madeira que sirvam a tal propósito de modo igualmente satisfatório.
Há limites, porém. Kelsen vê que além do limite espacial (território) e pessoal (povo) existe o limite de validade temporal e o de validade material, ou seja , o primeiro diz respeito ao tempo de vigência da lei desde sua emanação até sua ab-rogação e o segundo diz respeito
a) “matérias não passíveis de serem submetidas a uma regulamentação qualquer (...) e b) ”matérias que podem ser reconhecidas como indisponíveis pelo próprio ordenamento, como acontece em todos aqueles ordenamentos em que está garantida a proteção de alguns espaços de liberdade, representados pelos direitos civis(...)(p.95)
Novamente aqui lembra-se o filósofo norte-americano, Thoreau, que questiona:
Deve o cidadão, mesmo por um momento, ou em caso extremo, abdicar de sua consciência em favor do legislador? Então para que serve a consciência do indivíduo? Penso que devemos ser homens, em primeiro lugar, e só depois súditos. (p. 19)



O governo das leis

“É melhor o governo das leis ou o governo dos homens?” (p.93/4) Assim se arrasta o problema da relação entre direito e poder desde a Antiguidade Clássica, onde Platão e Aristóteles já colocavam o problema onde a paixão – mister da alma humana, não deveria existir na lei e mais, que os governantes deveriam ser súditos e escravos da lei e não ela súdita dos governantes ou privada de sua autoridade, para que assim as cidades pudessem prosperar na ordem. Essa idéia sobre a supremacia da lei estar no fato de que ela não se curva às paixões (Aristóteles) vai conduzi-la no decorrer da história a uma identificação com a voz da razão, associando sua frieza e imparcialidade à racionalidade. Durante o feudalismo, imperava a idéia de subordinação do príncipe à lei e na tradição jurídica inglesa o governo da lei é o fundamento do Estado de Direito.
Impõe-se então outra questão: “Já que as leis são geralmente postas por quem detém o poder, de onde vêm as leis a que deveria obedecer o próprio governante?”(p.96). Dois caminhos foram abertos a partir das respostas dadas, um diz respeito às leis naturais, derivadas da própria natureza do homem vivendo em sociedade e/ou “as leis cuja força vinculatória deriva do fato de estarem radicadas numa tradição”, leis “não escritas”, como aquelas que obrigam Sócrates a não fugir da prisão para escapar da morte, inclusive porque Sócrates acreditava que poderia questionar as leis mas não deveria desobedecê-las. O outro caminho indica um bom legislador, confeccionador da lei, “que deu a seu povo uma constituição (...)” (p.97). Os dois caminhos se fizeram presentes ao longo da história do pensamento político

Os dirigentes que, embora sendo os artífices das leis positivas, como as leis naturais que na tradição do pensamento medieval são também as leis de Deus (...) ou as leis do país, a common Law dos legistas ingleses, que é considerada uma lei da razão, á qual os próprios soberanos estão submetidos (p.97).

Rousseau é quem vai resgatar a idéia de grande legislador, “homem extraordinário" cuja função é excepcional porque “nada tem em comum com a autoridade humana”. Segundo Bobbio, todas as primeiras constituições escritas (...) nascem sob o signo do reino da razão, interpretando as leis da natureza e as transformando em lei positiva com uma constituição saída (...) da mente dos sábios (p.97). Diferente de Rousseau, Thoreau ( 1995, p. 45) diz:

(...) Há oradores, políticos e homens eloqüentes aos milhares; mas não abriu ainda a boca para falar o relator que seja capaz de resolver as mui debatidas questões do dia. Amamos a eloqüência pela eloqüência e não por qualquer verdade que possa exprimir, ou qualquer heroísmo que possa inspirar (...) Se fôssemos deixados inteiramente à mercê da palavrosa sabedoria dos legisladores do Congresso para guiar-nos, sem que ela fosse corrigida pela oportuna experiência e pelas eficazes reclamações do povo, os Estados Unidos não conseguiriam manter por muito tempo o posto que ocupam entre as nações.

A julgar pela conduta dos nossos legisladores, pelos escândalos contínuos do nosso Senado e Congresso como um todo e outros escândalos internacionais, o pensador naturalista e ecologista, fundador da desobediência civil, que influenciou Gandhi e Martin Luther King estava, por assim dizer, mais com os pés no chão do que aquele que foi, talvez, porventura, um dos seus mais diletos inspiradores intelectuais. Verdadeiramente os considerados “sábios” muitas vezes são mesmo é pseudo-sábios, legislando em causa própria, defendendo os interesses das classes dominantes e embargando, protelando, adiando, anulando, sucateando, vilipendiando sempre que podem os direitos do povo. No seu texto AOS DOUTORES DA LEI, a professora Maria de Lourdes da Silva, discente deste Curso de Direito e licenciada em Filosofia por esta Instituição diz o seguinte:

Os doutores da Lei julgam-se os senhores do mundo, têm-se na conta de sabidos sem, no entanto, serem sábios; julgam-se quiçá sacerdotes do Direito e da Jurisprudência, mas trancafiam inocentes em celas imundas e prisões bárbaras e desprezam os pobres enquanto protegem seus pares muitas vezes corruptos e refestelam-se na luxúria e na soberba de suas ações insanas e cruéis! Alimentam seus egos com a prepotência e a presunção das mordomias que asseguraram a si mesmos, enquanto humilham e subjugam os indefesos. Muitos são fascistas ou nazistas, verdadeiros tiranos travestidos em roupagens democráticas, togados, ostentando uma oratória repleta de artigos da Constituição... Lobos vorazes em pele de cordeiro! Perseguidores implacáveis de seus desafetos, poucos imaginam a fera que se esconde embaixo de ternos caros e vestidos elegantes! Nemo censetur ignorare legem, “a ninguém é permitido ignorar a lei” mas são os próprios doutos que a desconhecem primeiro, cada vez que deixam nos presídios, cidadãos que, por desespero da vida, cometeram pequenos delitos como roubar uma lata de margarina ou pães de uma padaria, enquanto céleres libertam aqueles que se locupletam do erário público para construir suas mansões e seus castelos, a troco de propinas e favores.2

Os limites internos

A questão aqui se inicia com a discussão sobre o soberano estar sujeito a quais leis, já que “ninguém pode dar leis a si mesmo”,(primeiro limite) embora estejam submetidos a leis naturais e divinas, sem poder transgredi-las para não tornar-se culpado de lesa-majestade divina . Bobbio cita Bodin3 e outros autores absolutistas que disseram que os reis não estão submetidos apenas às leis naturais e divinas, mas também a leis positivas e consuetudinárias como a lei de sucessão do trono. “O rei que viola as leis naturais e divinas torna-se um tirano ex parte exercitii; o rei que viola as normas fundamentais é um usurpador, um tirano ex defectu tituli”(p. 98) (segundo limite). Distinguir monarquia régia de monarquia despótica é base para o terceiro limite, quando se percebe que o poder do rei não pode invadir o âmbito do direito privado , salvo motivada e justificada necessidade.
Está posto então um debate entre fautores, promotores da monarquia absoluta, como Bodin e Hobbes e os defensores da monarquia limitada ou moderada, como os escritores franceses “que apóiam as resistências dos estamentos contra o processo de concentração e centralização de todo o poder estatal nas mãos do rei”; como os ingleses, defensores da monarquia constitucional.

Para uns e para outros o poder do rei deve ser limitado não apenas pela existência de leis superiores que ninguém põe em discussão mas também pela existência de centros de poder legítimos de que são portadores as ordens ou os estados – o clero, a nobreza, as cidades -, com seus órgãos colegiados que pretendem ter direito de deliberação em determinadas matérias, como por exemplo a imposição fiscal.(p. 99)

Ao concluir sobre os limites internos, Bobbio faz menção ao “constitucionalismo”, teoria e prática dos limites do poder. Ele diz que o constitucionalismo encontra respaldo nas constituições que limitam formal e materialmente ao poder político, reconhecendo e protegendo os direitos fundamentais, erguerdo-se contra a pretensão e a presunção do rei de subjugar e submeter indivíduos e grupos à sua lei.
Marilena Chaui (2003, p 366) diz: “Os governados não podem depor nem matar o tirano, mas podem resistir a ele, buscando instrumentos legais que contestem sua autoridade, forçando-o a abdicar do poder. “ Segundo ela quando o direito subjetivo natural é violado, o governo se torna ilegítimo, o acordo de submissão deixa de ser válido e o rei deve abdicar do poder.

Os limites externos

O caso da invasão do Afeganistão pelos EUA, o caso da invasão do Iraque, com a prisão, “julgamento” e morte de seu governante Saddan Hussein, o caso do bloqueio à Cuba pelos EUA, são exemplos, compreende-se, em que houve limites externos colocados por outros Estados, no caso o Estado imperialista mais rico do mundo, sobre países comunistas ou “não-alinhados”, detentores de grande produção de petróleo, um dos minérios mais importantes da história contemporânea.

“Nenhum Estado está só. Todo Estado existe ao lado de outros Estados numa sociedade de Estados” (...) A soberania tem duas faces, uma voltada para o interior, outra para o exterior. Correspondentemente vai ao encontro de dois tipos de limites: os que derivam das relações entre governantes e governados e os que derivam das relações entre os Estados, e são os limites externos”(p.101)

Como nosso exemplo bem mostra, para Bobbio “quanto mais um Estado é forte e portanto sem limites no interior, mais é forte e portanto com menores limites no exterior”.(p.101) Se o Estado estiver vinculado a seus súditos, mais independente estará de outros Estados.

Enquanto o processo de dissolução do império representa uma redução de poder em favor de novos Estados, o processo de formação de um Estado maior a partir da união de Estados pequenos representa um reforço de poder do primeiro sobre os segundos: estes perdem em independência interna aquilo que ganham em força no exterior unindo-se a outros. (...) Somente através da união federativa a república, que durante séculos após o fim da república romana foi considerada uma forma de governo adequada aos pequenos Estados, pode tornar-se a forma de governo de um grande Estado como os Estados Unidos da América. (p.103)

E os Estados Unidos da América são, no mundo, um dos grandes Estados que impõem diuturnamente seus limites a todos os que possuem riquezas e bens que são dos seus interesses. Como diz Annie Leonard,em História das coisas:

“(...) Comecemos pelo governo. Meus amigos dizem que eu deveria usar um tanque para simbolizar o governo (e isso é uma realidade em muitos países) e cada vez também mais o nosso, afinal, mais de 50% dos nossos impostos vão para os militares. (...) Aonde eu vivo, nos Estados Unidos, resta-nos menos de 4% de nossa floresta original, 40% dos cursos de água estão impróprios para consumo , o nosso problema não é apenas estarmos usando demasiados recursos, mas o fato de estarmos utilizando mais do que a nossa parte. Temos 5% da população mundial, mas usamos 30% dos recursos mundiais. Se todos consumissem ao ritmo dos Estados Unidos, precisaríamos de três a cinco planetas e sabe uma coisa? Só temos um, então a resposta do meu país a essa limitação é simplesmente ir tomar dos outros4


Para Bobbio se esta tendência continuar, de formação de Estados ou constelações de Estados, como ALCA, União Européia, MERCOSUL, aumentará o poder de países como Estados Unidos e Inglaterra, que absorvirão Estados satélites e terão diminuídos seus limites esternos de superestado. “No caso em que se chegasse à formação do Estado universal, este teria apenas limites internos e não mais externos.

Pede-se licença concluir com palavras do próprio Bobbio em outro livro IGUALDADE E LIBERDADE (1997, P. 94):

A garantia dos Direitos do homem contra a violação perpetrada pelo próprio Estado que deveria protegê-los é uma resposta, em nível mais alto, à eterna pergunta: Quis custodiet custodia? (QUEM GUARDARÁ OS GUARDIÕES? grifo nosso)Toda nova tentativa de resposta a esta pergunta, ainda que imperfeita e incompleta, é – na medida em que propõe novas formas de controle e de poder – uma resposta a uma demanda de liberdade.

Maria de Lourdes da Silva, Especialista e Política educacional, licenciada em Filosofia e Acadêmica de Direito.


NOTAS


1 – Faculdade que a lei inglesa e norte americana concedia aos juízes de paz e aos xerifes de recrutarem as pessoas que julgassem necessárias para auxiliá-los na perseguição e aprisionamento de criminosos e traidores.
2– O texto foi colocado como citação porque o pensamento não pertence ao grupo, mas trata-se de um escrito publicado parcialmente no seguinte endereço virtual: http://www.agorapindorama.blogspot.com/ da acadêmica, que também é licenciada em Filosofia e especialista em Política e Planejamento Educacionais, pela UESC.
3 – ( nota nossa) http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean_Bodin acessado em 06 de novembro de 2009 - Jean Bodin (Angers, 1530 — Laon, 1596) foi um jurista francês, membro do Parlamento de Paris e professor de Direito em Toulouse. Ele é considerado por muitos o pai da Ciência Política devido a sua teoria sobre soberania. Baseou-se nesta mesma teoria para afirmar a legitimação do poder do homem sobre a mulher e da monarquia sobre a gerontocracia.
Ele escreveu diversos livros, mas a Inquisição condenou a muitos deles porque o autor demonstrou simpatia pelas teorias calvinistas. Estes calvinistas, chamados Huguenotes na França, eram processados pela Igreja católica assim como outras seitas protestantes ou reformadores cristãos o eram em outros países católicos.
Seus livros dividiram opiniões: alguns escritores franceses os admiravam, enquanto Francis Hutchinson foi seu detrator, criticando sua metodologia. As obras escritas por Bodin faziam diversas alusões a julgamentos de bruxos e o procedimento que deveria ser seguido, dando-lhe a reputação de um homem sanguinário.
4 - Licenciado Creative Commons 3.0 Written by - Annie Leonard Produced by - Free Range Studios Executive Producers - Christopher Herrera, Tides Foundation, Funders Workgroup for Sustainable Production and Consumption. Créditos da versão brasileira: Adaptação do texto - Denise Zepter Locução - Nina Garcia Direção e edição - Fábio Gavi Estúdios - Gavi New Track - SP
5 –BOBBIO, Norberto. Liberdade e Igualdade. tradução Nelson Coutinho 2 ed.Rio de janeiro: Ediouro, 1997, 96p.


REFERÊNCIAS



BOBBIO, Norberto. Estado, governo, Sociedade; tradução Marco Aurélio Nogueira. Brasília: Editora Paz e Terra, 7ª edição, 1995.

------------. Liberdade e Igualdade. tradução Nelson Coutinho 2 ed.Rio de janeiro: Ediouro, 1997, 96p.


CHAUI, Marilena, Convite à Filosofia. 13 ed, São Paulo: editora Ática, 2003 424 p


http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean_Bodin

LEONARD, Annie, História das coisas video Licenciado Creative Commons 3.0 Written by - Annie Leonard Produced by - Free Range Studios Executive Producers - Christopher Herrera, Tides Foundation, Funders Workgroup for Sustainable Production and Consumption. Créditos da versão brasileira: Adaptação do texto - Denise Zepter Locução - Nina Garcia Direção e edição - Fábio Gavi Estúdios - Gavi New Track – SP

PROUDHON, Pierre-Joseph. A propriedade é um roubo. L&PM Pocket. Porto Alegre. 2001. 172p. (p. 114-115). [15 de março de 2006]

SILVA, Maria de Lourdes da, http://www.agorapindorama.blogspot.com

THOREAU, Henry David. A desobediência Civil. Seleção, tradução, prefácio e notas José Paulo Paes. São Paulo: Editora Cultrix, 130p

outubro 09, 2009

Bombardeio à Lua. Reflexões!

"O impacto deve lançar 350 toneladas de material, a até 10 km de altura, que esta nuvem de solo lunar será amplamente iluminada pelos raios do Sol."
Eu não sei nem por onde começar, tal o impacto da notícia sobre mim!!! Tá saindo poeira cósmica de mim e flutuando a 10 km de altura também... aliás, evaporei, teletransportei, mudei-me totalmente em corpo e alma, diluí... ao saber que a NASA (com que direito?) jogou um foguete contra a lua pra saber se tem água lá...
Ô da NASA, tem água aqui... o Tietê derrama-se em fezes e lágrimas fétidas diariamente, o Cachoeira em Itabuna-Ba tem um mau cheiro insuportável no verão, o Ganges na Índia é sagrado mas pede socorro,nos Estados Unidos, com certeza tem muitos rios.
O rio mais poluído do mundo é o rio Citarum, que fica próximo a Jacarta, capital da Indonésia. O Citarum é bem mais poluído do que o Tietê. Mais de 500 fábricas, muitas delas de produtos têxteis que exigem tratamento químico específico segundo as regulamentações internacionais, não o fazem, lançando “in natura” produtos químicos altamente tóxicos no rio. Enquanto os produtos químicos tóxicos fazem seu passeio rio abaixo, os detritos humanos (lixo) de todos os tipos são adicionados a eles. Nas cidades que margeiam o rio, não há absolutamente nenhum tratamento de esgoto ou coleta de lixo. O rio resolve. Vai tudo lá pra dentro *.( Quantas dessas fábricas não pertencerão ao mesmo país que a NASA?
Os EUA deveriam pegar o capital investido no Centauro lançado contra nosso satélite maravilhoso, graças ao qual somos iluminados à noite, que nos aconpanha há milênios e milênios e aplicá-lo na recuperação e proteção dos mananciais que nós temos aqui. Poderiam?
Na China, 70% dos lagos são poluídos,26% das águas superficiais da nação são totalmente inutilizáveis, 62% não podem ser usadas para a pesca, 90% de seus rios estão poluídos ao passar por zonas urbanas.**

Todavia, além de termos água bastante no planeta e as instituições mais capitalizadas do planeta não estarem preocupadas com ela, ainda fica a dúvida terrível: Foram feitos estudos de impactos ambientais destas explosões na Lua sobre a Terra? A força gravitacional e a influência das marés...??? ou o Sistema Terra-Lua não existe para os patéticos NAuSeAbundos da Astronáutica-cibernética-robótica da inutilidade?
a Lua tem relações com diversos ciclos biológicos. Para começo de conversa, os vegetais reagem diferentemente a uma noite de Lua nova no inverno do que a uma noite de Lua cheia no verão. E as relações vão bem adiante. A Lua forma um sistema com a Terra e isto evidentemente influi sobre a vida.***

A verdade mesmo é que a NASA estava precisando fazer algo de grandes proporções, megalômano, para que a humanidade esqueça o seu blefe tão contado e recontado nos jornais do mundo inteiro e na internet, sobre a viagem do homem à lua. A verdade é que esses cientistas separam a ciência da filosofia, não têm ética, não têm preocupações morais, o dinheiro é seu deus e sua sabedoria não alcança a dimensão do cosmos enquanto harmonia e do Univeso enquanto UNO na sua diversidade. Só nós, seres humanos comuns, trabalhadores do mundo inteiro, cidadãos, podemos parar a deformidade desse sistema disforme, a indiferença e a ignomínia perpetradas pela potência capitalista mais rica, mais usurpadora, violadora dos Direitos Humanos, sanguinária e imperialista, cujo Presidente - por causa de um bando de puxa-sacos internacionais - recebeu hoje o Prêmio Nobel da Paz sem nem sequer ter retirado as tropas americanas do Iraque.
Não quero dar parecer contra o progresso e o desenvolvimento, todavia, se progresso e desenvolvimento for o qe temos feito nos últimos 50 anos, precisamos urgente repensar estes conceitos.

Referências:
* http://www.mundogump.com.br/o-rio-mais-poluido-do-mundo/
** http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20080707161346AAdTPOO
*** http://autoracing.virgula.uol.com.br/forum/index.php?showtopic=47114&mode=threaded


Maria de Lourdes da Silva é licenciada
em Filosofia, Especialista em Política
Educacional e Acadêmica de Direito.

outubro 06, 2009

DIA INTERNACIONAL PELA NÃO VIOLÊNCIA CONTRA MULHERES E MENINAS

Essa Mulher
De manhã cedo essa senhora se conforma
Bota a mesa, tira o pó, lava a roupa, seca os olhos
Ah, como essa santa não se esquece
De pedir pelas mulheres, pelos filhos, pelo pão
Depois sorri meio sem graça
E abraca aquele homen, aquele mundo que a faz assim feliz.
De tardezinha essa menina se namora
Se enfeita, se decora, sabe tudo, não faz mal.
Ah, como essa coisa é tão bonita
Ser cantora, ser artista, isso tudo é muito bom
E chora tanto de prazer e de agonia de algum dia, qualquer dia
Entender de ser feliz
De madrugada essa mulher faz tanto estrago
Tira a roupa, faz a cama, vira a mesa, seca o bar
Ah, como essa louca se esquece
Quanto os homens enloquece, nessa boca, nesse chão
Depois parece que acha graça e agradece ao destino
Aquilo tudo que a faz tão infeliz
Essa menina, essa mulher, essa senhora
Em quem esbarro a toda hora no espelho casual
É feita de sombra e tanta luz de tanta lama e tanta cruz
Que acha tudo natural.
(Joyce / Ana Terra)
(Interpretada também por Elis regina)

setembro 03, 2009

LAMENTO PELO CAHOEIRA

O RIO CACHOEIRA NÃO CORRE
NÃO DESLIZA MAIS
ELE SE ARRASTA LANGUIDAMENTE
NOS ÚLTIMOS SUSPIROS DA MORTE
ENXOVALHADO PELOS ESGOTOS
DEJETOS DOENÇAS VERMES
QUE O BICHO HOMEM
DERRAMA NO SEU LEITO
NA IRRACIONALIDADE RAZOÁVEL
DA IR-RAZÃO CAPITALISTA
QUE EMPORCALHA ASSIM
A NATUREZA
SEM CULPAS
SEM CULPADOS
TODOS CÚMPLICES DO CAOS.

O RIO CACHOEIRA ESTÁ SECANDO
PEDRAS DO FUNDO DO RIO ESTÃO À VISTA
PROLIFERAM GARÇAS
COMENDO PEQUENOS PEIXES
QUE VÊM À TONA
BUSCAR OXIGÊNIO

AS MARGENS DO RIO FEDEM
AS ÁGUAS DO RIO APODRECEM
OS PEIXES DO RIO ESTÃO ENVENENADOS
O RIO SECA E MORRE...

IMPORTA APENAS QUE
ÀS SUAS MARGENS
ERGA-SE MAJESTOSA AVENIDA
INAUGURE-SE MONUMENTOS
COMEMORE-SE CARNAVAIS
ARME-SE PALANQUES.
DANCE-SE MUITO
DANCE-SE
O GOSTO LÚGUBRE DA MORTE
DO RIO

MARIA DE LOURDES DA SILVA

agosto 02, 2009

SECAS E SAQUES : A QUEM SERVEM OS TRIBUTOS ?


Por Maria de Lourdes da Silva



A falta de vontade política, a gerência do bem público em benefício dos próprios interesses e privilégios, a impunidade, a corrupção... sinônimos! Marcas e características de governos que se sucedem no Brasil e principalmente no nordeste, um após o outro, mantendo no poder as antigas oligarquias rurais, os descendentes dos coronéis (ou seus afilhados), os mandatários de sempre.

Governam em nome de seus bois , de seus latifúndios, de suas mansões com piscinas olímpicas (e enquanto se banham nelas, na casa do trabalhador não tem água nem pra tomar banho) e de seus filhos e netos. São os donos das rádios, das transmissoras de TV, dos jornais. Mantêm o povo ali, na pobreza, na necessidade, na miséria, precisando de seus favores, dependendo do seu humor. Alimentam a indústria da fome e refestelam-se em jantares suntuosos. Estimulam a doença, com precariedade no atendimento médico e são parceiros dos grandes laboratórios. Vendem água! A vileza desmedida à solta, a malvadeza e a crueldade correndo livres... O sertanejo sufoca!

Na Antiguidade clássica a aristocracia greco-romana vivia e sobrevivia do trabalho escravo e dos impostos cobrados ao povo; na Idade Média, novamente na Europa, os servos não usavam nem roupas de baixo, a falta de higiene proliferava, trazendo epidemias como a peste negra e outras, mas já eram altos os impostos cobrados ao povo; no Brasil a derrama provocou a indignação de Tiradentes, entre outros, levando-o a ter o corpo esquartejado e distribuído por cidades, como prova do poder daquele que cobrava impostos; Canudos, a terra onde corria um rio de leite e havia um morro de cuscuz, foi palco de um genocídio patrocinado pela República brasileira, quando mais de 30.000 (trinta mil) pessoas foram assassinadas pelo governo, pelo cobrador de impostos...

No Brasil atual ainda morrem pessoas nas filas dos hospitais do SUS, ainda temos escolas muito carentes de recursos e vivemos na Idade das Trevas na educação (enquanto nossos alunos chegam com MP4, MP5, MP10, entendem de montagem de computadores e quiçá programas!!! Muitos professores não dominam linguagem da informática, os computadores nas escolas quase não são usados, muitos colégios ainda estão no cuspe e giz e ainda temos crianças fora da sala de aula) um baixo índice de desenvolvimento humano, analfabetos, indigentes... e há pequenos, médios e mega empresários que sonegam impostos, têm lojas no comércio, no centro da cidade, sem nem sequer uma máquina registradora que imprima um cupom fiscal... Álibi perfeito: se não sonegar os políticos vão roubar!!! O importante é que, de um jeito ou de outro, alguém está roubando o povo!
Entre nós é cultural chamar aquelas pessoas que reivindicam seus direitos de cidadãs de “briguentas” ou “encrenqueiras”, seja cobrando notas fiscais, seja exigindo seus direitos; nossa sociedade acostumou-se a não tratá-las bem, isto é, a vítima torna-se instrumento do próprio carrasco, não se reconhecendo como produtora daquela riqueza...

Ferido para além dos limites da sua dignidade, maculada na alma a crença que deposita no ser humano, ratazanas, calangos e lagartixas como alternativas para alimentação de seus filhos (enquanto os ricos jogam comida fora e alimentam cachorros ferozes com carne vermelha, diante da Morte, diante da desgraça de outrem), frente à extrema pobreza que se lhe depara, esse “forte” reage com o desespero. Ele saqueia mercados, caminhões, armazéns do governo cheios de cestas básicas! Ele saqueia, toma, apodera-se (do alheio ou do que lhe pertence de fato?) e vai alimentar suas crias.

Agora ele quer de volta cada grão de arroz e de feijão que lhe foi usurpado, cada filhinho que foi obrigado a enterrar na terra rachada e quente, manchada do sangue dos inocentes.
E chora, copiosa e silenciosamente, por causa da prepotência, da ganância, da vaidade de tão poucos, que conseguem ser os donos de tudo que é seu.

julho 28, 2009

ADEUS A MEU QUERIDO AMIGO, PROFESSOR EUGÊNIO

Foste vítima de um terrível acidente de trânsito! Quando Juscelino Kubitschek vendeu o Brasil pras montadores de automóveis, decerto que não mediu as conseqüências ou, se as mediu, pouca importância deu pra quem ia morrer, afinal os lucros eram grandes... Não olhou sequer para o Velho Mundo, para tomá-lo como exemplo, cortado por ferrovias, de uma nação à outra. Pois é, pagamos caro por tanta tecnologia; primeiro porque morremos dia e noite, noite e dia, aos montes em acidentes nas rodovias, famílias inteiras; segundo porque o automóvel de hoje é o lixo entulhado do planeta amanhã! O capitalismo nos estimula diariamente ao sonho de consumo de possuir um carro e enquanto vamos digladiando e competindo entre nós, outros – próximos e distantes – vão morrendo, vítimas fatais, como você!

E a mídia, hein? A mídia perversa, que se alimenta de sangue e de violência, de sofrimento e de dor, te mostrou sendo arrancado das ferragens, mutilado, quase nu. O discurso do jornalista simulava indignação por morte de inocentes nas estradas por causa da negligência de outros motoristas, mas enquanto falava ele vendia a imagem de um filme do celular de alguém que estava lá, na hora, bem próximo de ti e que conseguiu te filmar já morto. Considero violação de privacidade, violação de cadáver, imoral, desrespeitosa e perniciosa essa atitude do canal de televisão de expor assim pessoas, seus familiares e sua dor, enquanto ao mesmo tempo fazem discurso de solidariedade:
o amor não se vangloria, não se ensoberbece,
5 não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios
interesses,
não se irrita, não suspeita mal;
6 não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade;
7 tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
I Coríntios 13
Mas sua intenção já está desnuda até pelas próprias imagens que veicula.

É verdade, nos encontrávamos muito pouco ultimamente, mas nem por isto esqueci seu sorriso franco, sua boa prosa sobre arte, literatura, política, História... Ah, quantas histórias partilhamos!!! Você deixou saudade, amigão, somos nós os vivos que sofremos com a morte, não quem morre. Quem morre provavelmente nasceu de novo, partiu pra outra, como disse Sócrates: EU SOU A MINHA ALMA, ninguém pode enterrar-me! Aqueles que passaram por tuas mãos de professor comprometido não te esquecerão, continuarás vivo em suas memórias e no exemplo que eles darão aos seus próprios filhos. Vai com Deus, Amigo, alegrias e chuvas de pétalas de rosas te recebam na nova vida. Aqui, o que podemos dizer é que tua passagem foi amorosa, bondosa, solidária, amiga! Tenho muita honra em ter te conhecido.

SAUDADES DE PAULO FREIRE



"É porque eu amo o mundo que luto para que a justiça social venha antes da caridade" Paulo Freire
A escola pública apresenta profundas contradições no cotidiano de suas atividades como um todo, desde as Secretarias de Educação até as cozinhas das escolas, em se tratando de estabelecer comparações entre o discurso e a práxis política. É vergonhosa a quantidade de casos que tenho pra contar nestes poucos 25 anos de Magistério.
Enquanto as secretarias de Educação Municipais e Estaduais divulgam e convidam os melhores educadores da UFBA, da UESC e até da USP para aulas e cursos para seus professores, trazendo-os para fazer belas palestras, oferecendo-lhes passagens de avião, hospedagem, almoço e outras garantias tais que competem a qualquer digníssimo palestrante, por outro lado pagam uma “ninharia” aos professores, não dão suporte material para a eficácia do processo ensino-aprendizagem, descontam aulas dos professores antes de lhes dar a chance de pagá-las, porque as diretoras e diretores querem mostrar serviço, entregando os colegas... mas todos sabem que eles têm os seus grupos a quem protegem, tipo ACM, o falecido oligarca baiano: PARA OS AMIGOS, TUDO, PARA OS INIMIGOS, A LEI e o ranço da prática política deste grupo enfronhou-se nos costumes populares! impõem-lhes diretores indicados dos seus governos, sem oportunizar à comunidade escolar escolher! As escolas públicas não têm jardim, bosque, os pequenos parques infantis são velhos e sujos, não têm bancos nem árvores e não têm bibliotecas... estas, quando existem, são irrisórias... existem escolas com livros e livros novíssimos guardados em armários e armários, não utilizados por ninguém, porque as direções incompetentes e/ou descomprometidas têm medo das crianças levarem os livros para casa!!! - e qual é problema das crianças levarem livros para casa?... existem escolas em que os computadores que chegam do MEC levam quase 1 ano para serem instalados porque a Prefeitura não prioriza inclusão digital para as camadas populares; existem escolas que recebem “kits” de brinquedos e as crianças nunca sequer os viram, empoeirados dentro de armários, porque elas podem quebrá-los!!!...
Ora, essa é uma parte das contradições, um lado delas, mais institucional, o pior de todos, talvez, porque pode ser ele o causador dos grandes males da educação, como professores desestimulados, crianças retidas anos após anos, profissionais despreparados, gestões antidemocráticas... mas tem mais coisa, lamentavelmente tem sim!
Uma das maiores queixas que tenho é a quantidade de crianças que são proibidas de entrar nas escolas no dia a dia porque estão de chinelo! Calçadas numa simples sandália de borracha. Certa feita eu desci no ponto de ônibus, chegando à escola, para dar aula e logo vi uma linda menininha, estilo índia, ( essa região é cheia de caboclos – os Tupinambá estão bem ali em Olivença reivindicando suas terras!), 5ª série, toquinho de gente, farda impecável, toda limpa e asseada, negros cabelos longos penteados, livros à mão (por falta de mochila, decerto), linda bolsinha de chochet amarrada no magro braço, com lápis, caneta e borracha dentro (fazendo as vezes do estojo), e nos pés uma sandália de dedo.
- o que houve, querida, não vai ter aula?
- vai sim, professora.
- E por que você está aqui?
- porque a diretora me mandou pra casa por causa da minha sandália.
- Onde você mora?
- eu moro no Couto!!!
Ora, pra quem não conhece a região, o Couto fica entre 7 e 8 km a sudoeste de Ilhéus, isto é, transporte coletivo insipiente, ônibus de hora em hora, estrada de chão, veículo sujo de poeira e dos restos das feiras dos passageiros da zona rural... ou seja, depois daquela linda garotinha ter cruzado tantos obstáculos para chegar ao colégio – ela pega o ônibus 11:30hs para entrar às 13:30hs na escola, porque depois não tem mais horário que dê pra chegar na escola na hora certa; sim, como estava dizendo: depois daquela linda garotinha ter cruzado todos esses obstáculos para chegar ao colégio, a diretora e o porteiro mandaram-na de volta para casa porque estava calçada numa – como chamamos regionalmente - chinela!
Falei pra ela que voltasse comigo, pois ela ia entrar. Viemos juntas e no caminho, naquele dia parece que a “bruxa” tava solta na escola, encontramos mais 9 (nove) crianças devolvidas para suas casas, de 5ª e 6ª série, entre 10 e 13 anos de idade, porque estavam calçadas numa sandália, ou porque usavam calça estilo jeans e não a calça da farda. "A amorosidade de que falo, o sonho pelo qual brigo e para cuja realizacão me preparo permanentemente, exigem em mim, na minha experiencia social, outra qualidade: a coragem de lutar ao lado da coragem de AMAR!!!"
"Não é, porém, a esperança um cruzar de braços e esperar. Movo-me na esperança enquanto luto e, se luto com esperança, espero." Paulo Freire.

Ao chegarmos à escola tentei colocar as crianças para dentro, mas o funcionário da portaria me avisou que elas não poderiam entrar. Pedi-lhe então que avisasse a diretora que eu estava ali com 10 alunos e alunas e que só entraria para dar minhas cinco aulas da tarde se as crianças entrassem. Bem, não demorou muito e ela chegou já abrindo o portão, dizendo que não os mandou embora, que eles iam entrar sim, que apenas deixou-os esperar um pouco, que entrassem e assinassem um caderno e depois poderiam ir pra sala e tal e tal e tal.....
1 – Nenhum outro professor viu o que estava acontecendo?
2 – Se eu não os tivesse feito voltar, eles teriam entrado?
3 – Posso mensurar o compromisso da minha colega com a escola pública e sua clientela de classes sociais subalternas a partir da quantidade de alunos que ela pretendeu retornar para casa exigindo uma farda padrão? Que valores a levam a preferir a farda às crianças?
4 – Será que o porteiro precisa de uma qualificação voltada para a área de Relações públicas e Humanas na sua função?
A história em si nos dá elementos para refletir e responder às questões além de fustigar em nós outras perguntas.
"Ensinar exige segurança, competência profissional e generosidade. " Paulo Freire

julho 27, 2009

órfãos da história

Casos curiosos (ou vergonhosos) da História do nosso país!
A História, (do grego antigo historie, que significa testemunho, no sentido daquele que vê) é a ciência que estuda o Homem e sua ação no tempo e no espaço, abordando análise de processos e eventos ocorridos no passado. A palavra história tem sua origem nas «investigações» de Heródoto, cujo termo em grego antigo é (Historíai. O estudo histórico começa quando os homens encontram os elementos de sua existência nas realizações dos seus antepassados... e é aí neste ponto que começa a HISTÓRIA que queremos contar. A História da não-História, a História negada, a Anti-História, a morte da História, o fim da História... Por quê? Porque vamos falar de uma história enterrada, esquecida, apagada, inundada, e outras violências mais...


fonte:http://www.itabocas.com/itabuna.php?secao=itabuna_fotos
Antigo Teatro ABC, demolido durante a primeira gestão do prefeito Fernando Gomes.
Podemos começar por Itabuna, onde tínhamos o Teatro ABC, na praça Otávio Mangabeira, quando o então Prefeito Fernando Gomes, em sua primeira gestão – 1977 a 1982 – mandou demolir o Teatrinho ABC e lá pôs um bar, restaurante – não só o “parque infantil” - para arrendar a pessoas de suas ligações pessoais e particulares.
Imaginem! O Teatro foi demolido e no seu lugar a Prefeitura construiu um “boteco”!!!
Demolido por este cidadão que foi Deputado nota zero na época da Constituinte , integrante do "centrão", grupo de direita que se organizou para derrubar as conquistas dos trabalhadores e que sempre pautou suas gestões em perseguir professores e seu sindicato. De um dirigente deste tipo, realmente, não poderíamos esperar muita coisa!!!!
Fica aqui o protesto e o registro. Depois retorno para falar de outros "causos" deste tipo.

junho 26, 2009

AOS DOUTORES DA LEI

A JUSTIÇA É COMO COBRA VENENOSA
SÓ MORDE OS PÉS
DE QUEM ESTÁ DESCALÇO


OS DOUTORES DA LEI julgam-se os senhores do mundo,
têm-se na conta de sábios,
quiçá sacerdotes do Direito e da Jurisprudência
(meros direitólogos, porém)
Alimentam seus egos com a soberba
a prepotência , a presunção.
Muitos são fascistas
ou nazistas
vestidos em trajes democratas
ostentando uma oratória
repleta de artigos da Constituição.
Lobos vorazes em pele de cordeiro...

junho 16, 2009

PANFLETO SOLITÁRIO DA SAÚDE DASASSISTIDA DE ILHÉUS

O KAKAKA DO KÁKÁ


KAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAK 90 MIL REAIS POR CADA 8 HORAS DE SONO KAKAKAKAKAKAKAKAKAKSKAKAKAKAKAKAK AKAKAKAKA KAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAK ENQUANTO A MAIORIA DO POVO BRASILEIRO QUASE NEM DORME PREOCUPADO COM AS DÍVIDAS KSKSKSKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKA KAKAKAKAKAKAKA KAKAKAKAKAKA KAKAKAKAKAKAK E NÃO VAI GANHAR 90 MIL NEM NUM ANO INTEIRO DE TRABALHO, TRABALHANDO 8 HORAS POR DIA KAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKA KAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKA KAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAK NEM TRABALHANDO 16 HORAS POR DIA (CARGA HORÁRIA DE ESCRAVO!!!)KAKAKAKAKA KAKAKAKAKAKA KAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAK AKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKA KAKAKAKAKA KAKAKAKA KAKAKA KAKAKAKAKAKAKA KAKAKAKA KAKAKA KAKAKAKAKAKAKAK QUANTOS CARROS DE PASSEIO ELE PODE COMPRAR POR DIA ?????????????????? ??????????? KAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKK KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK O POVO BRASILEIRO ANDA A PÉ, APESAR DA GRANDE QUANTIDADE DE CARROS DE SÃO PAULO, TEM MILHÕES DE BRASILEIROS SEM TETO E SEM TERRA, TEM BRASILEIRO QUE O CHINELINHO TÁ FURADO NO CALCANHAR E A SOLA DO PÉ TÁ ARRASTANDO NO CHÃO KAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAK MAS O QUE É QUE O KÁKÁ TEM A VER COM ISSO? KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK VAMOS TORCER BRASIL, VAMOS TORCER PELOS NOSSOS ASTROS DO FUTEBOL INTERNACIONAL, ELE ENCHEM OS NOSSOS CORAÇÕES DE EMOÇÃO E ORGULHO KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK KKKKKKKKK KKKKKKKKK KKKKKKKKKKKKKKK VAMOS TORCER POR ELES, DEPOIS A PORCA TORCE O RABO, DEPOIS O BICHO PEGA, DEPOIS A GENTE QUE SE LASQUE ÀS BANDA KAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKSE TODO MELHOR GANHASSE 270 MIL REAIS POR DIA, HEIN?
ISSO É CASO PARA O DIREITO INTERNACIONAL:JÁ DEVERIA EXISTIR UM ACORDO ENTRE OS PAÍSES DO MERCOSUL, DA ONU, DA UNIÃO EUROPÉIA PARA TARIFAR ESSAS GRANDES FORTUNAS E CONDUZIR ESSES DINHEIROS PARA CONSTRUIR CASAS, MATAR A FOME DO POVO, VESTIR E AGASALHAR CRIANÇAS OU ENTÃO QUE ELES MESMOS FIZESSEM ISSO E PRESTASSEM CONTA À HUMANIDADE!!!
É UM DESRESPEITO MUITO GRANDE! EU ME RECUSO A CALAR-ME

junho 13, 2009

Iniciando diálogos com Kant


O amor à verdade e à justiça

Duas coisas sempre me enchem a alma
de profunda admiração e respeito,
quanto mais intensa e
freqüentemente o pensamento delas se
ocupa:o céu estrelado acima de mim e a lei moral dentro de mim

Immanuell Kant


O maior compromisso que a filosofia nos impõe: o amor à verdade e à justiça. Não é possível ser livre se só eu o for. Minha liberdade depende de todas as liberdades.

Desejo ardentemente que meus filhos sejam livres, que conheçam a verdade e se pautem na justiça. Não nessa justiça obsoleta, institucional, instituída, imposta, presidiária, corretiva (e incorreta), cega, silenciosa, omissa, parcial, perseguidora e castradora, desumana, fria, calculada e calculista, estigmatizante, excludente, sufocante, impiedosa, malvada! Não nessa justiça! Não, mas naquela justiça que nos inspira a paz e o respeito por todos os seres humanos que nos rodeiam, principalmente aqueles mais desamparados, esquecidos, discriminados, excluídos, isolados dos direitos à jurisprudência, nunca tratados como iguais perante as “incelênça”, que gostam de morder pés descalços, como cobras venenosas...

Desse senso de justiça carece a própria Justiça e suas Excelências, carece o Estado e suas Magnificências. No Estado pós-moderno a justiça não se diferencia muito da práxis de outros períodos históricos, políticos e filosóficos pelos quais porventura já passou, a não ser por estar mais velada, mais disfarçada e mentirosa nas suas tramas onde se presta a ser Aparelho Ideológico do Estado, das classes dominantes e dos que estão enfronhados no seu metiê trocando favores para prender, excluir, oprimir, rejeitar, injustiçar mais seus desafetos; separar, desunir, vilipendiar, estraçalhar, esmagar, contrariar e constranger os que nada têm e de nada são donos, ao mesmo tempo em que estão favorecendo e beneficiando seus protegidos, afilhados e afins...

Ah, Immanuel Kant, o Imperativo Categórico é um sonho, belíssimo projeto de homeidade, mas não é isso que temos ou somos ou sonhamos ser... Pondero se você imaginou que o sistema capitalista transformaria nos próximos séculos não só as coisas, mas principalmente o próprio ser humano em mercadoria. Mão de obra, força de trabalho, pessoa, trabalhador, mulher, criança... aos poucos temos sido aliciados pelo sistema econômico que estimula o roubo, a corrupção, o egoísmo, a individualidade, o desamor... mas bem que valeria a pena se fôssemos todos assim:“Age de tal modo que a máxima da tua ação se possa tornar princípio de uma legislação universal.” Temos precisado da coação, das leis externas, das sanções... se seguíssemos sua idéia, o Direito, a Jurisprudência, a Magistratura... tudo enfim que sustenta o Poder Judiciário ruiria por terra...seriam inúteis, haja vista que todas e todos estariam usando a razão a priori, o dever, precisa-se de um caráter moral, mas a ação é o decisivo. É a razão prática que se define como lei dos costumes, a exigência da proposição do imperativo categórico. Você, filósofo dos direitos humanos, da igualdade perante a lei, da cidadania mundial, da paz universal e acima de tudo do "Sapere Aude", a emancipação da razão... os norte americanos preferiram Hobbes, Leviatã, O homem é o lobo do homem: Homo homini lupus, os juristas também - ops! não na retórica, mas sim na práxis Quem ficou contigo, Mestre?

junho 11, 2009

ANIVERSÁRIO DA MALU DIACUI LOURDINHA DINHA MARIA


A MALU É ESSA PESSOA MARAVILHOSA,
INTELIGENTE, VERSÁTIL, ATIVA, VIVAZ,
FUGAZ, TENAZ, SAGAZ, E OUTROS AZ POR AÍ
ROMÂNTICA ACIMA DE TUDO
E QUE DEVERIA ACEITAR TODAS AS HUMILHAÇÕES
E CONSTRANGIMENTOS POSSÍVEIS
DE TODOS
MAS A BICHA É REBELDE
A RESPOSTA TÁ NA PONTA DA LÍNGUA
MESMO ASSIM MUITA GENTE
CONSEGUE INFERNIZAR SUA VIDA!

JÁ O LADO DIACUI É O LADO ÍNDIA DELA
SELVAGEM
DA SILVA DA SELVA
GUERREIRA TERRÍVEL
GUERREIRA DA PALAVRA DA ORATÓRIA
GUERREIRA DA VIDA

A LOURDINHA É A MESTRA
PROFESSORA ESTUDIOSA
CURIOSA DEMAIS
GOSTA DE MPB E DA PIAF
ASSISTIU O FILME SOBRE ELA
5 VEZES NO MESMO DIA
AMA OS FILHOS DEMAIS
ODEIA QUEM OS MALTRATA
DESEJA MATAR QUEM OS CONSTRANGE
DESEJA MATAR QUEM OS CONSTRANGE
AMA-OS LOUCAMENTE

DINHA É A MENINA QUE FICOU PRA TRÁS
ROUBARAM-ME A DINHA
FOI BEM NA INFÂNCIA
ROUBARAM-NA DE MIM
ELA ERA ALEGRE QUE SÓ!
ACREDITAVA EM TUDO E TODOS
ACREDITAVA "PIAMENTE" EM DEUS
SENTIA-SE CULPADA, COITADA...
COISA DA CULTURA E DA HERANÇA
JUDAICO-CRISTÃ
MAS ELA FAZIA "COZINHADO"
CORRIA PICULA, IA À MATINÉE TODO DOMINGO
E CHORAVA NOS FILMES DE AMOR!
SENTAVA NAQUELES LEÕES DE MÁRMORE
DA PRAÇA DOM EDUARDO
(QUEM SE ADONOU DAQUELES LEÕES E
DAQUELES POSTES ANTIGOS?...)
DINHA IA PRA MISSA TODO DOMINGO PELA MANHÃ
E SABIA QUE ERA PROIBIDO SENTAR NOS PRIMEIROS BANCOS...
- RESERVADOS PARA AS FAMÍLIAS CACAICULTORAS DA CIDADE -
Ò JESUS, QUE FIZERAM DE TUAS PALAVRAS E DE TUAS AÇÕES
ESSES SEPULCROS CAIADOS?

MARIA É A ESPOSA FIDEDIGNA
AFF! QUE TEM QUE SUPORTAR TANTAS TRAIÇÕES!!!
MARIA DEVERIA SER A MULHER OBEDIENTE
QUASE UMA MUÇULMANA
UMA MUÇULMANA COMPLETA
PREOCUPADA APENAS EM AGRADAR O SEU SENHOR
MAS MESMO ASSIM ESSA SUPOSTA MUÇULMANA
TAMBÉM É REBELDE
CORRE SÉRIO RISCO DE SER APEDREJADA
MORTA
POR ESSES TAIS TALIBÃS
QUE SE AUTO-INTITULARAM SEUS DONOS
SEM SUA PERMISSÃO OU CONSENTIMENTO

ENFIM
É MARIA DE LOURDES DIACUI PATAXÓ AMORIM PRUDENTE DA SILVA
MERSMO QUE NÃO FAÇA MAIS FILHO
MAS FEZ DOIS E OS CRIA COM LOUCO AMOR
AINDA QUE NÃO ENSINE MAIS
MAS AGORA QUER SER UMA MAGISTRADA
SEMPRE ESTARÁ AÍ SORRINDO
DESAFIANDO OS PODEROSOS
PARABÉNS GUERREIRA
GENERALÍSSIMA
MERITÍSSIMA JUÍZA
PROFESSORA, DOUTORA
MENINA PERALTA E ARTEIRA
VELHA JOVEM!!!

junho 09, 2009

ANSEIOS


Doroni Hilgenberg
As vezes queremos ser PEDRA, mas imitamos as AVES


Nas andanças
que já fiz na minha vida
encontrei-te certo dia
em meu caminho
e sozinha me vi a suspirar
entre dias e noites mal dormidas
pelo sonho que se fez de incertezas

E nesta ilusão
em que me perco
já não sinto tua presença
que tão longe se encontra
e tão perto me confunde
desfazendo a minha crença
de te amar sem ter por quê...

Mas pelo tanto que te quis
não me arrependo
pelo tanto que te quero
já não busco
pelo tanto que te sonho
me perdôo...
porque metade de mim
é só saudade
e a outra metade é emoção!

E a sonhar
refaço a caminhada
que chorando
me proponho a te esquecer
porque metade de mim
é todo o mundo
e a outra metade é solidão!

Doroni – 28- 05-09

junho 07, 2009


Tive sonhos imundos
sonhos estranhos
pesadelos...
Troncos seculares de árvores mortas
animais em chama
um tamanduá pisoteado pelo progresso
nossos curumins órfãos
nossos velhos desesperados
vi a morte de perto
e a sua capa pesou em meus ombros
vi discursos bonitos
quais túmulos caiados
e quando os meus olhos se fecharam
veio um pedaço de rio à beira da morte
e desabou sobre mim
os seus descaminhos
os meus irmãos desnutridos
vi tanta tristeza
que o meu pranto se transformou
num rio mais triste, sem fim.

Em meio a escuridão
sonhei em ver o dia amanhecer
desejei tanto viver
que ouvi um sabiá cantar na mata
e ao lado, uma voz guerreira:
acordai, acordai,
pois todo dia é dia de repensar
nossa atitude em relação ao Planeta!

***
para Juscelino Mendes e Diacui, meus irmãos da etnia Pataxó/BA

***
Graça Graúna
Nordeste do Brasil, 7 de junho de 2009

PRECISO



Greta Marcon

Preciso andar, até encontrar um rio,
Deixar na beira, as minhas incertezas...
E apostando nos meus desafíos,
Virar um peixe em suas correntezas...

Preciso andar, até ferir meus pés,
Sou andarilho à caça de emoções...
Desafiando os ventos mais hostis,
Rodopiando, como os furacões...

Preciso amar, como ninguém amou,
Com todas minhas forças viscerais...
Um coração xifópago do meu.
Que me transporte acima dos mortais...

postado no overmundo em 07/06/2009

junho 06, 2009



15 DE JUNHO
Tema: Os movimentos do saber indígena: grafismos e arte indígena contemporânea
09h00-11h30min
Local: UFRJ
Convidados:
Cristino Wapichana
Cleomar Tan Huare Umutina
Xohã Karajá
Luciana Kaingang
Conversam sobre a arte indígena e suas relações com o sagrado.

13h30min – 15h30min
Oficina de grafismo e cultura material reservada aos participantes da atividade da parte da manhã
I Colóquio entre Tradição Oral e Literatura Brasileira
Local: Academia Brasileira de Letras (ABL)
Horário: 17 horas
Componentes indígenas da mesa-redonda:
Daniel Munduruku – Escritor premiado nacional e internacionalmente. Doutorando em Educação na USP e Diretor-presidente do INBRAPI
Graça Graúna – Indígena Potiguara. Poeta, Professora-Doutora em Língua e Literatura na Universidade de Pernambuco (UPE).
Ely Macuxi – Graduado em Filosofia. Escritor e Professor da rede Pública do Amazonas.
Aguardamos informação acerca dos membros da ABL que vão compor essa mesa.

16 DE JUNHO
Roda de conversa indígena
09h00 – 11h30min
Tema: Catando piolhos, contando histórias.
Wasiry Guará
Luciano Umutina
Yaguarê Yamã
Eliane Potiguara
Conversarão com o público e contarão histórias de seus povos.
13h30min – 15h30min
Oficina sobre contação de histórias reservada aos participantes da atividade da parte da manhã.

17 DE JUNHO
Tema: Caminhos da memória
Programação do Seminário FNLIJ, no período da manhã .
Ritual e apresentação dos convidados
Mesa 01: Memória, Oralidade e Literatura.
Mediação: Ely Macuxi
Graça Graúna – Doutora em Literatura
Marcos Terena – Liderança e diretor do Memorial dos Povos Indígenas de Brasília.
Severiá Xavante – Professora de Língua e Literatura brasileira.

Mesa 02: Memória, Oralidade e as artes
Mediação: Eliane Potiguara
Siridiwê Xavante – Coordenador do Instituto das Tradições Indígenas - IDETI
Luciana Kaingang – Artista Plástica e Graduanda em Ciências Biológicas pela UPF. Atua como educadora social no Ponto de Cultura Kaingang
Xohã Karajá – Artista Plástico e arte-educador

Programação do Seminário FNLIJ, no período da Tarde
Tema: Novas Tecnologias da Memória
Mesa 01: Memória: Imagem em ação
Mediação: Ailton Krenak – Jornalista, diretor do Núcleo de Culturas Indígenas e da “Aliança dos Povos da Floresta”.
Alex Pankararu – Diretor da Ong indiosonline que utiliza a internet para divulgação dos conhecimentos ancestrais.
Isabel Taukane – Coordenadora da iniciativa “Círculo dos saberes” que reúne jovens de diferentes povos do Mato Grosso com o objetivo de reavivar a cultura tradicional entre eles.
Caimi Waiassé – Cineasta ganhador de diversos prêmios no Brasil e no exterior.
Mostra de filmes indígenas
Sorteio de livros e cultura material para o público presente.
Encerramento do seminário com a presença de Beth Serra, da FNLIJ.

18 DE JUNHO
II Encontro de Literatura Indígena
Tema: Oralidade e as novas tecnologias da memória.
Local: UERJ
Mediação: Daniel Munduruku – Escritor e coordenador do Núcleo de Escritores e Artistas Indígenas do Inbrapi
Rivanildo Wapichana – tecnólogo.
Ailton Krenak – Jornalista e coordenador do Núcleo de Cultura Indígena.
Isabel Taukane – Kura Bakairi – Jornalista e coordenadora do projeto
José Ribamar Bessa – Antropólogo e coordenador do programa pró-índio da UERJ
A abertura será feita pelos músicos indígenas Cristino Wapichana e Márcio Bororo

19 DE JUNHO
I Encontro de literatura indígena na UFRJ
Local: UniRio
Hora: 19 horas.
Composição da mesa:
Daniel Munduruku – Mediador. - Escritor. Doutorando em educação na Universidade de São Paulo e Diretor-Presidente do Inbrapi.
Álvaro Tucano - Liderança tradicional e fundador do Movimento Indígena Brasileiro.
Estevão Taukane - Liderança tradicional.
Graça Graúna - Indígena Potiguara. Profa. Dra. em Letras e Literatura pela Universidade Federal de Pernambuco.
Severiá Karajá - Graduada em Letras e Literatura.
Outros indígenas estarão presentes na plateia e poderão fazer intervenções no momento da abertura
para o público.
Debatedor(a): convidado(a) indicado(a) pela UFRJ

DIA 2O DE JUNHO
Avaliação do Encontro

Mais informações:
Informações pelo e-mail: seminario@fnlij.org.bre pelo telefone: (21) 22629130, com Maria Beatriz
NOTA: matéria publicada no Overmundo.
postado por GRAÇA GRAÚNA em Graça Graúna - 1 semana atrás

PROPOSTA DE AMOR



Imagino que não estamos agüentando a pressão do mundo corporativo, imagino que estamos stressados com violência, assaltos, viver à mercê da marginalidade... Imagino que estamos cansados de pagar tantos impostos, ter medo da polícia, dever em bancos, dever aos agiotas, pagar pra nascer, viver e morrer.
Imagino que todos querem viver em paz, livres - no mínimo - do relógio e sendo donos do PRÓPRIO dia, das horas,sendo donos de todo o nosso tempo...
Proponho então:
Vamos quebrar a ordem? Ou não conseguimos mais viver sem sermos escravos do relógio? Vamos nos unir e proteger as crianças, os animais e a natureza? Vamos abrir mão das contas bancárias e que os bancos quebrem e se explodam !!!??? ou não podemos viver sem os cartões de crédito, os talões de cheque, as tarifas, as multas, os juros, as filas , os empréstimos que alimentam o sistema ?
Vamos negar o sistema e ser felizes?
Vamos combinar que não vamos votar em ninguém, nunca mais? Vamos abolir a servidão voluntária de nossas vidas e viver juntos, nos nossos ninhos, com nossas crias, sem aluguel, sem supermercado, sem shoppings, sem consumismo, só nós, seres humanos, felizes, sem sacrificar ninguém ao Capital, nem a nós, nem a eles... tomando banho de sol na hora que der vontade!
Vamos proclamar a paz mundial e fazer do chão que pisamos a nossa pátria e dane-se o latifúndio?
Vamos todos juntos, mulheres e homens, homens e mulheres, resgatar o planeta das mãos odiosas de burocratas insípidos, de assassinos que matam com seu silêncio e sua permissividade, resgatar o planeta das mãos destruidoras dos que matam e queimam em seu próprio benefício, e garantir longa vida à raça humana no Planeta Terra?
VAMOS?

junho 05, 2009

A FONTE DA JUVENTUDE

Há muitos anos atrás,existia uma linda e inteligente jovem que vivia no bosque da sabedoria,ela era apaixonada pelas belas artes,pela natureza,pelos filósofos e principalmente pelo mundo.
Neste bosque, só vivia ela e seus animais, porem de vez em quando uma bruxa cruel vinha roubar um pouco da juventude da garota,mas como ela era muito esperta sabia onde existia no fundo de uma caverna que se localizava numa clareira,uma fonte de onde jorrava água da juventude.
A bruxa começou a estranhar, pois apesar dela roubar a juventude da moça, ela sempre estava jovem. Por isso ela resolveu se esconder e seguir a moça após a visita.
Pensando que a malvada já tinha ido embora, a jovem seguiu para a clareira, planejando se banhar naquelas águas milagrosas.Ao entrar na caverna a jovem viu quem estava a segui-la, mas não pode evitar, pois a praga já estava lá.

Com ódio a bruxa lançou um feitiço na jovem "tu me trais-te, tu pagarás, na fonte da juventude tu sucumbirás".Logo após a jovem caiu como que morta e uma vóz grossa ecoou pela caverna dizendo:
_"O mal por sí só se destrói,e em você há tanto que te corrói! há de pagar pela vida que tirou,com sua juventude pagará pelo que errou!".
Como que por magia a bruxa virou pó e a água da juventude banhou o rosto da jovem que acordou e muito feliz agradeceu dizendo "A vida é um presente, a juventude é uma dádiva, a beleza é um sonho e a sabedoria é um dom! tudo o que você faz volta para você e o ódio não atinge inocentes".
Por essas palavras a jovem foi coroada deusa da sabedoria pelos animais e pelos humanos, e a ela foi concedida a juventude e a vida eternas.
Como já lhe tinha sido concedida a juventude eterna ela resolveu tornar a fonte um local onde deveriam se banhar as crianças recém nascidas para que fossem belas e inteligentes por toda a vida.
Mas alguns séculos depois um deus da vida, muito invejoso, mandou que demolissem a fonte só para causar desgraça ao povo do bosque da sabedoria, mas a deusa muito sábia resolveu fazer um trato com ele:
_“Não haverá guerra e nem discórdia se houver paz, sabedoria e vida devem andar lado a lado, nossos povos devem se unir e criar um novo povo que trará muito ao mundo”
O deus da vida aceitou, e, dessa união nasceu a humanidade que até hoje é um povo próspero, porém nada pacifico que domina o mundo...

DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE


Ouvi na Tv que hoje, por ser dia mundial do MEIO AMBIENTE era dia de procurar academia e cuidar do corpo...!!!Ora, do corpo cuida-se todos os dias, em detrimento de tudo o mais. Esse culto ao corpo, protagonizado pelos meios de comunicação e provavelmente financiados por todos aqueles laboratórios que têm interesse na venda desse produto: a cirurgia plástica, tem matado e mutilado a muitos.
A inversão de valores que vivemos prova quanto temos nos tornado fúteis e superficias, preocupados com rugas do nosso corpo que levaremos para os vermes que nos esperam, enquanto desprezamos as florestas, os animais, as águas do Planeta Terra, poluídas e destruídas pela mercantilização de tudo, como quer o Capital.
Hoje é dia de pensar e repensar nossas atitudes em relação ao Planeta, à preservação do Meio Ambiente, aos cuidados e à proteção que devemos ter com a natureza, nossa mãe inesgotável, mas que, de tanto abusarmos, estamos conseguindo esgotar!!!
Rios sujos, mananciais de água poluídos na fonte de origem, por causa do desejo de lucrar dos capitalistas insanos, aqueles que transformam tudo em mercadoria , inclusive os bens mais sagrados para a vida humana: os bens naturais, aqueles que o Santo Criador honrou-nos com a tutela, mas não temos sido dignos desta missão.
Aqui em Ilhéus já teve governo municipal que colocou o lixão no Cururupe, na estrada Ilhéus/ Olivença, lembrando que Olivença é uma instância hidromineral e toda aquela região é patrimônio histórico também, afinal os remanescentes indígenas da região moram lá e o local guarda nas suas pedras e nas brenhas das suas roças a saga do genocídio contra os Tupinambá de Olivença, haja vista a BATALHA DOS NADADORES, chacina protagonizada por Mem de Sá e documentada por ele mesmo, como sabemos, entre outros, pelo livro da professora Teresinha Marcis sob o título VIAGEM AO ENGENHO DE SANTANA (editora da UESC).
O Dia do Meio Ambiente é o dia de tomarmos a decisão de não jogar, nunca mais, nenhum lixo na rua. É o dia de tomarmos a decisão de não deixar nunca mais ninguém, no raio de nossa visão, passar fome, e até além dela. Passar frio, ninguém mais.
Como podemos dormir quentinhos em nossos lares, sabendo que existem tantos inocentes à mercê da sarjeta, do medo e da morte, pelas ruas da cidade? como podemos viver assim, indiferentes ao ar que respiramos e que nossos bisnetos talvez não tenham pra respirar?
O dia do Mieio Ambiente é toda hora, todo dia, todo segundo, temos que parar de cultuar a violência, o erotismo exarcebado fomentados pela mídia televisiva aberta (e pela fechada também). A violência na nossa era virou capital certo, garantia de lucro indubitável (Olha quantos "jogos mortais" já foram feitos? se não tivessem público, não teriam sido feitos tantos!
Temos derrubado e consentido com nosso silêncio e omissão a derrubada e a queimada de árvores frondosas, centenárias, da nossa mãe rasgada ao ventre, Amazônia querida, que o Espírito de Chico Mendes te proteja, que todos os xamãs chacinados por grilheiros tenham força para espantar os espíritos destruidores que te adentram noite e dia, para te sugar, te derrubar, te queimar, te destruir e te transformar em comida de boi e de vaca... que tristeza infinda... que angústia, meu Deus, pensar no dia do MEIO AMBIENTE!!!
DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE, hoje poderíamos passar o dia na praia, dentro das matas, à beira de represas, rios, lagoas, cachoeiras... poderíamos todos fazer grandes mutirões para construir casas populares, para limpar sujeiras de rios, e depois, nunca mais sujar, nunca mais emporcalhar.
A palavra mundo significa LIMPO, você sabia? tanto que Imundo, significa sujo, não limpo.
Que 0 DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE seja celebrado como um momento de reflexão e mudança de atitude para todos

CENTO E VINTE MILHÕES DE CRIANÇAS NO CENTRO DA TORMENTA - (TRECHO DO LIVRO AS VEIAS ABERTAS DA AMÉRICA LATINA DE EDUARDO GALEANO)


"Há dois lados na divisão internacional do trabalho: um em que alguns países
especializam-se em ganhar, e outro em que se especializaram em perder. Nossa comarca
do mundo, que hoje chamamos de América Latina, foi precoce: especializou-se em perder
desde os remotos tempos em que os europeus do Renascimento se abalançaram pelo mar
e fincaram os dentes em sua garganta. Passaram os séculos, e a América Latina aperfeiçoou suas funções. Este já não é o reino das maravilhas, onde a realidade derrotava a fábula e a imaginação era humilhada pelos troféus das conquistas, as jazidas de ouro e as montanhas de prata. Mas a região continua trabalhando como um serviçal. Continua existindo a serviço de necessidades alheias, como fonte e reserva de petróleo e ferro, cobre e carne, frutas e café, matérias-primas e alimentos, destinados aos países ricos que ganham, consumindo-os, muito mais do que a América Latina ganha produzindo-os. São muito mais altos os impostos que cobram os compradores do que os preços que recebem os vendedores; e no final das contas, como declarou em julho de 1968 Covey T. Oliver, coordenador da Aliança para o Progresso, “falar de preços justos, atualmente, é um conceito medieval. Estamos em plena época da livre comercialização...” Quanto mais liberdade
se outorga aos negócios, mais cárceres se torna necessário construir para aqueles que sofrem com os negócios. Nossos sistemas de inquisidores e carrascos não só funcionam para o mercado externo dominante; proporcionam também caudalosos mananciais de lucros que fluem dos empréstimos e inversões estrangeiras nos mercados internos dominados.
“Ouve-se falar de concessões feitas pela América Latina ao capital estrangeiro, mas
não de concessões feitas pelos Estados Unidos ao capital de outros países... É que nós não fazemos concessões”, advertia, lá por 1913, o presidente norte-ameiricano Woodrow Wilson,
Ele estava certo: “Um país - dizia - é possuído e dominado pelo capital que nele se
tenha investido.” E tinha razão. Na caminhada, até perdemos o direito de chamarmo-nos
americanos, ainda que os haitianos e os cubanos já aparecessem na História como povos
novos, um século antes de os peregrinos do Mayflower se estabelecerem nas costas de
Plymouth. Agora, a América é, para o mundo, nada mais do que os Estados Unidos: nós
habitamos, no máximo, numa sub-América, numa América de segunda classe, de nebulosa
identificação.
É a América Latina, a região das veias abertas. Desde o descobrimento até nossos
dias, tudo se transformou em capital europeu ou, mais tarde, norte-americano, e como tal tem-se acumulado e se acumula até hoje nos distantes centros de poder. Tudo: a terra, seus frutos e suas profundezas, ricas em minerais, os homens e sua capacidade de trabalho e de consumo, os recursos naturais e os recursos humanos. O modo de produção e a estrutura de classes de cada lugar têm sido sucessivamente determinados, de fora, por sua incorporação à engrenagem universal do capitalismo. A cada um dá-se uma função, sempre em benefício do desenvolvimento da metrópole estrangeira do momento, e a cadeia das dependências sucessivas torna-se infinita, tendo muito mais de dois elos, e por certo também incluindo, dentro da América Latina, a opressão dos países pequenos por seus vizinhos maiores e, dentro das fronteiras de cada país, a exploração que as grandes cidades e os portos exercem sobre suas fontes internas de víveres e mão-de-obra. (Há quatro séculos, já existiam dezesseis das vinte cidades latino-americanas mais populosas da atualidade.)
Para os que concebem a História como uma disputa, o atraso e a miséria da América
Latina são o resultado de seu fracasso. Perdemos; outros ganharam. Mas acontece que
aqueles que ganharam, ganharam graças ao que nós perdemos: a história do subdesenvolvimento da América Latina integra, como já se disse, a história do desenvolvimento do capitalismo mundial. Nossa derrota esteve sempre implícita na vitória alheia, nossa riqueza gerou sempre a nossa pobreza para alimentar a prosperidade dos outros: os impérios e seus agentes nativos.
Na alquimia colonial e neo-colonial, o ouro se transforma em sucata e os alimentos se convertem em veneno. Potosí, Zacatecas e Ouro Preto caíram de ponta do cimo dos esplendores dos metais preciosos no fundo buraco dos filões vazios, e a ruína foi o destino do pampa chileno do salitre e da selva amazônica da borracha; o nordeste açucareiro do Brasil, as matas argentinas de quebrachos ou alguns povoados petrolíferos de Maracaibo têm dolorosas razões para crer na mortalidade das fortunas que a natureza outorga e o imperialismo usurpa. A chuva que irriga os centros do poder imperialista afoga os vastos subúrbios do sistema. Do mesmo modo, e simetricamente, o bem-estar de nossas classes dominantes - dominantes para dentro, dominadas de fora - é a maldição de nossas multidões, condenadas a uma vida de bestas de carga."

Presenteio a todos com este PEQUENO TRECHO do legado do Galeano, meu livro de cabeceira durante muitos anos, recomendo a todos, ele é UM DOS MAIORES ESCRITORES DA AMÉRICA LATINA, JORNALISTA, HISTORIADOR, que nos relata o que aconteceu com a força e a vida de quem sente a mesma dor, criando no leitor uma empatia e uma clareza indescritíveis.
BEBAMOS, BEBAMOS...