março 11, 2011

A história das coisas

A MULHER - DO AMOR À NECESSIDADE DA LEI


Vocês, que me conhecem, sabem que eu sou apaixonada por esta causa, a causa da mulher.  
Se vou falar de civilizações antigas, quero falar do papel da mulher nelas, na Atenas grega, berço da democracia, a mulher, assim como crianças, escravos e homens pobres, não tinha a cidadania reconhecida,a Igreja Católica Apostólica Romana queimou vivas em praça pública muitas "bruxas" , ciganas, curandeiras, parteiras, rezadeiras, numa perseguição inclemente e insana a tudo, a todos e todas que ameaçassem seu trono, seu poder e sua glória sobre a terra, com um mínimo de conhecimento que fosse!se vou falar da Primeira ou da Segunda guerra mundiais tenho que falar das mudanças que elas geraram na vida das mulheres e a participação das mulheres nas Guerras, e o feminismo e Simone de Beauvoir e Frida Kahlo  - aliás, duas mulheres que viveram um grande amor, que encontraram suas almas gêmeas, mas não moraram o tempo todo com elas... Simone e Sartre nunca moraram na mesma casa
 e Frida e Diego, quando se casaram pela segunda vez fizeram uma ponte na casa, para irem um ao quarto do outro.(A pomba e o elefante).  
Frida Kahlo é a mulher mais marcante que viveu no século XX, ela e Simone de Beauvoir.  Mas Frida ainda havia tido a poliomielite, o acidente do bonde e Diego: "Yo he sufrido dos accidentes graves en mi vida, uno en un autobús que me tumbó…el otro accidente es Diego." Frida Kahlo.  Só Com a irmã dela ele teve seis filhos.
De muitas formas os homens matam suas mulheres, suas não, que elas não são deles, mas eles teimam em tomá-las como objeto, como coisa sua.  Houve um crime em Itabuna há uns dois anos atrás em que o assassino arrancou o bico dos seios com o garfo de churrasco e os olhos com o saca-rolhas.  A teoria do assassinato de Elisa Samúdio é que ela foi espancada, torturada, morta, esquartejada, partes do seu corpo foram dadas aos cães e parte foi enterrada na parede de algum lugar.  Não se acha o corpo dela.  Antigamente os Senhores enterravam as esposas vivas nas paredes das casas grandes das fazendas.
Desde Lílith se persegue as mulheres, condenada a parir demônios, foi logo substituída por Eva, mais tarde expulsa do paraíso.  Até o apóstolo  diz na Bíblia:
"o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja" (Ef 5:23). Lemos em 1 Coríntios 14:34,35: "As mulheres estejam caladas nas igrejas; porque lhes não é permitido falar; mas estejam sujeitas, como também ordena a lei. E, se querem aprender alguma coisa, interroguem em casa a seus próprios maridos; porque é indecente que as mulheres falem na igreja."
Aliás, é na Bíblia mesmo que vamos encontrar as arbitrariedades e grande fomento às injustiças perpetradas contra as mulheres ao longo de milênios.  A religião, principalmente as chamadas Religiões de Livros Sagrados: o Cristianismo, O Islamismo e o Judaísmo, com a Bíblia, o Alcorão e o Torah - investe fortemente contra a mulher, proibida de falar, de se expressar, de se mostrar, de ser, coberta, morta a pedradas, empalada, vestida na burca, coberta pelo véu.  É nas religiões de origem africana, na umbanda e no candomblé que encontraremos a mulher tendo direito de ser a sacerdotisa mais importante do culto, a mãe de santo, a Yalorixá
Iyalorixás do Candomblé.  Ao centro Mãe Olga do Alaketu.
(Iyalorixá ou Iyá (mãe) ou ainda Yalaorixá é uma sacerdotisa e chefe de um terreiro de Candomblé Ketu.
Iyá no dialeto Yorubá significa (mãe), bem como a junção Iyaiyá (mamãe) ou Iaiá (tendo o mesmo significado de mamãe, senhora, forma carinhosa de falar com a mãe, ou senhora da fazenda muito usada pelos escravos).- wikipédia)
Nas religiões africanas a mulher tem poder. Não está subjugada ou submetida.  Infelizmente a mulher africana atravessa sérios problemas, mas isto não é d'agora, já dura pelo menos cinco séculos, desde que os brancos europeus foram lá arrancar seus filhos e a elas mesmas de seu continente, para levá-los, escravos, ao outro lado do mundo!  Outros brancos europeus foram lá e fincaram-se, relegando a população nativa à miséria, ao analfabetismo e à pobreza, como o caso do Apartheid na África do Sul.
Na Idade Média, a prima notte, costume imposto pelos senhores feudais, dava-lhes o direito dormir com a noiva de seu servo na noite de núpcias...
No Brasil, depois da Lei Maria da Penha, promulgada pelo Presidente Lula, em homenagem à Maria da Penha Maia Fernandes, (a 
criação de uma legislação específica contra a violência doméstica e familiar reflete a importância dos Tratados de Direitos Humanos da Mulher, ratificados pelo Brasil, que são: a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher e a Convenção Interamericana para  Prevenir, Punir e Erradicar a Violência  contra a Mulher) aumentou o índice de denúncias de violência contra a mulher.  A violência doméstica e familiar contra a mulher é definida na Lei Maria da Penha não só como a violência física, mas o legislador foi muito mais abrangente e atencioso quando disse: ela (a violência) é física, psicológica,sexual,  patrimonial e moral. Lamenta-se que as medidas protetivas : (Art. 19.  As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas pelo juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida. - GRIFO NOSSO -
§ 1o  As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas de imediato, independentemente de audiência das partes e de manifestação do Ministério Público, devendo este ser prontamente comunicado.) não estejam sendo cumpridas como devem ser, pelos magistrados.  A execução das medidas protetivas é o ponto chave para a efetivação desta Lei. Cabe ao Ministério Público e a nós, cidadãos, denunciar e cobrar, agir incansavelmente, estar atentos, vigiar, a fim de que possamos entrever uma mudança na sociedade, novos tempos, onde a mulher vai poder se sentir amparada e segura pela instituição Judiciária, cujos pares tão bem remunerados não correspondem em produção laboral ao que recebem da sociedade civil através de seus riquíssimos honorários pagos pelo Estado Brasileiro, haja vista se fale tanto em "morosidade da justiça". Cabe aos senhores juízes e senhoras Juízas conhecerem a lei e cumprirem os prazos nela epigrafados. Urge que se crie no Poder Judiciário, uma Vara específica para defesa da mulher. Façam isso , aproveitem o conforto de seus gabinetes e detenham-se sobre a Lei, estudem-na e façam-na cumprir na sua íntegra, afinal, as mulheres são mais da metade da população do mundo!

Maria de Lourdes da Silva
 Animus Mutandi
 (73) 9136 6882


A QUESTÃO AGRÁRIA


Por: ULISSES PRUDENTE DA SILVA

A questão agrária
em solo brasileiro
provém dos muitos tempos
de domínio estrangeiro,
desde quando a terra,
dos índios, usurpada
pela corte portuguesa
foi, então, partilhada
sob o título primeiro
de Capitanias Hereditárias.
Os donatários dessas Capitanias,
como eram chamados
esses amigos do Rei que havia,
tornaram a repartir a terra
entre correligionários
sob o título de Sesmaria,
por ordem do Governo-geral
que o Rei de Portugal,
então, estabelecia.
Extensos, eram os limites,
a vista não alcançava,
onde por a planta do pé,
isso, ao índio bastava,
mas, no branco europeu
havia ambição desenfreada.
Muitos, dos tais donatários,
nem, aqui, pisaram os pés,
mas, sentiam-se “donos da terra”:
estava escrito num papel...
e instituíam a outros homens
sua representação fiel.
“santa” igreja católica
de muita terra se apossou,
desde quando a primeira missa
nestas plagas celebrou
e a Companhia de Jesus,
logo, aqui se instalou.
Aos pés da santa cruz,
índio se ajoelhou,
ao trabalho “voluntário”,
alguém lhe convidou
e na expansão do “solo sagrado”,
o jesuíta Anchieta,
foi quem mais se destacou.
O tráfico do pau-brasil,
de extrativista exploração,
foi o responsável pela dizimação
de essências florestais nativas
e de aldeias indígenas,
aqui, neste rincão.
O índio, “não domesticado”,
embrenhou-se no sertão
para não ser morto à bala
ou a golpe de facão;
formou a primeira resistência
contra a cruel escravidão.
Contudo, alguns indígenas,
com os brancos se aliaram:
pelo sexo, pela fé ou pelo álcool
em bons servos se tornaram;
geraram filhos e filhas
que, por mamelucos,
foram chamados
e, a troco de cachaça,
muita mata derrubaram.
A lavoura açucareira
estava em franca expansão;
em terras brasileiras
era a principal produção
e o sistema escravagista
se implantou nesta nação.
O tráfico negreiro,
como era, assim chamado,
o comércio dos escravos,
tornou-se muito rentável
e, das terras africanas,
para o solo brasileiro,
negros foram transportados.
Tornou-se o “braço forte”
desta emergente nação,
o ser humano negro
em regime de escravidão,
da África trazido
em terrível grilhão.
Para o canavial...
verde-mar-plantação...
a produzir o branco açúcar
para deleite do “barão”
com muito sangue negro
derramado pelo chão.
Conquistava a liberdade,
somente, o negro fujão!
Embrenhando-se na mata,
ia parar, lá, no sertão;
encontrando-se com o índio
resistente à escravidão.
Surgiram, então, os Quilombos;
sonhos de libertação
e, também, os cafuzos,
pela miscigenação.
Ampliou-se os limites,
fundou-se vilas e cidades;
o novo mundo se enchia
com gente de muita maldade
e, na “corrida do ouro”,
as Entradas e Bandeiras
eram a grande novidade.
Negros foram perseguidos,
índios foram massacrados;
no rastro dos bandeirantes,
bem havia atrocidades...
Quilombos eram destruídos,
surgiam novas cidades...
e, com sangue derramado,
os limites ampliados.
A pecuária de corte
e, também, a leiteira;
logo, logo se expandiram
em terras brasileiras:
uma vaca valia mais
que uma negra parideira.
Muitos, “sinhozinhos”,
freqüentavam a senzala;
o feitor e o coronel,
esses, nem se fala:
quando uma negra engravidava
e o filho, então, vingava,
não se sabia, às vezes,
quem era o pai
do caboclo que chorava.
A lavoura algodoeira
e, também, a cafeeira,
além da açucareira,
tornaram-se o esteio
da economia brasileira
e os produtos de exportação,
sempre foram, os de primeira.
As culturas de subsistência,
consideradas subsidiárias,
em relação às grandes culturas,
sempre, foram secundárias.
O milho, a mandioca, o arroz...
eram deixados p’rá depois,
porém, cachaça e fumo
(já desgostei desses dois)
tinham muito valor
em toda zona portuária,
pois, por eles eram trocados,
negros, nos portos de Angola.
Escravos eram mercadoria
em nossa economia primária,
encontrados de montão
em qualquer empresa agrária:
para o branco português,
o negro e o índio que Deus fez,
não passavam de animália.
Foram uns trezentos anos
de negra escravidão,
produzindo o branco açúcar
com o verde deste torrão
e para a mesa do europeu
ia a melhor produção.
Chegou a vez do café
ser o principal na exportação.
Movimentando muito dinheiro,
acentuou a escravidão,
mas, por outro lado, também,
promoveu a imigração
para o solo brasileiro
do braço e capital estrangeiro:
italiano, oriental e alemão.
Daí, muitos fatores
concorreram para a negação
do regime escravagista
no seio desta nação,
tornando-se capitalista
o sistema de produção.
“Neguinho” para viver,
logo após a libertação;
para vestir, comer, beber...
tinha que ter “bom patrão”,
toda terra já tinha “dono”,
eis a raiz da questão.
Pouco depois...
da abolição da escravatura,
a República foi proclamada.
Derrubado o Imperador,
foi, a Pátria, governada
por um Presidente
Marechal das Forças Armadas.
De imediato, a República,
procurando se firmar,
o arraial de Canudos,
tratou, “do mapa tirar”:
numa terra de ninguém,
o povo vivia a plantar
com Antônio Conselheiro,
um beato popular,
mas, imposto ao governo,
não se queria pagar.
Muita gente morreu
p’rá não sair do lugar.
Foi uma tragédia singular:
no sertão nordestino,
a morte esteve a ceifar.
Mais uma mancha na história,
é triste ter que contar,
assim como, a memória
do famoso Lampião.
O “Rei do cangaço”,
o mais temido do sertão,
em conflito pela terra,
enfrentou “os coronéis”,
à milícia declarou guerra;
sua cabeça valia “mil réis”,
pagos em qualquer balcão.
O serviço de “capangagem”
se tornou coisa normal;
matar ou morrer,
ainda, é fato banal;
em nome do “dono da terra”
se peleja numa guerra,
defendendo “o capital”.
As relações de trabalho
em nossa zona rural,
sempre, deixaram a desejar,
sendo, de modo geral,
o operário, vítima
da injustiça social.
A Consolidação das Leis Trabalhistas,
chamada C. L. T. ,
aos trabalhadores rurais,
deixou à mercê
de quem se intitula “dono da terra”
e seu “bel-prazer”
com, apenas, o Código Civil
a lhes proteger.
A sociedade civil, então,
passou a se organizar
em Ligas Camponesas
e Sindicatos Rurais,
começando a lutar
pela causa operária
em Reforma Agrária
se dispôs a falar.
A ala progressista
da igreja católica
e políticos esquerdistas
abraçaram essa causa
com a “cartilha marxista”
e uma fogueira na roça
começou a esquentar.
O Estatuto do Trabalhador Rural
trouxe alguns benefícios,
foi vitória parcial:
o problema é difícil,
o descumprimento da Lei
tem sido um grande mal,
gerando tensão social
e sangrentos conflitos
em território nacional.
O Estatuto da Terra
não saiu do papel.
A “guerrilha do Araguaia”
foi um fato cruel:
jovens foram iludidos,
por conta, correram risco,
encontraram a morte ao léu.
Em se tratando de Leis,
não podemos deixar de citar
Usucapião pro labore
e nela se apoiar
para garantir a posse da terra
a quem nesta trabalhar.
Contudo, os interesses
das classes dominantes,
na cidade e no campo,
tratam, as Leis, de resguardar.
Para fazer valer o direito,
o sistema tem defeitos,
não se pode confiar.
Num país como este,
de extensão continental,
onde, o costume de transgredir
é um vício nacional,
principalmente, contra o fisco
e em cláusula contratual;
ainda se encontra por aí,
do Oiapoque ao Chuí,
quem pratique a escravidão,
apesar, de ser ilegal.
Poucos foram os civis,
na Presidencial função,
altas patentes militares
governaram esta nação,
usufruindo mordomias,
perseguindo a democracia
em meio à corrupção.
Agora, a gente vota
direto p’rá Presidente
e pode se candidatar,
achando conveniente
e viajar pelo mundo
é o duro desse batente.
O Presidente e seus Ministros,
Senadores e Deputados
e, também, Meretíssimos
do vitalício Judiciário
constituem os três poderes,
ganhando altos salários,
ainda assim, em corrupção
se envolve algum salafrário.
O ranço da escravidão
impregna esta nação,
muitos querem mandar,
outros querem ser ladrão,
alguns, querem trabalhar
com toda dedicação.
Apesar de cristã,
ser a nossa tradição,
poucos querem servir,
ocorre muita humilhação;
aos preceitos do Mestre,
falta, sim, compreensão.
Entender o paradoxo,
requer iluminação:
“quem quiser ser senhor,
que seja servo”,
essa, é a dura lição.
O latifundiário, então,
tornou-se o grande “barão”,
o “atual donatário”,
detentor da concentração
de terras e numerários,
pela lei da mais valia,
explora o braço operário
e é politicário,
interferindo no processo
de qualquer eleição.
A terra, ainda agora,
pode, até, ser arrendada,
com muitos anos de trabalho,
algum dia, ser comprada
e, com a cultura instalada,
sempre, é mais valorizada.
O agrícola empresário,
aquele politicário
e seu publicitário
não têm nada de otário
em dia-a-dia ordinário,
mas, o extraordinário
desse nosso rimário
é p’rá chamar a atenção
sobre o sistema agrário
vigente nesta nação.
Arrendatários e “grileiros”,
“meeiros” e/ou parceiros,
herdeiros e “posseiros”
retalham a terra em quinhão;
cultivam o solo brasileiro;
com sangue e suor
regam este chão.
“Volta e meia”, o Estado,
facilita a aquisição
de uma gleba de terra
para quem tenha vocação
de, com a empresa agrícola,
enriquecer e ser patrão.
Tornou-se, então, patente,
para toda população,
a necessidade, urgente,
de se fazer distribuição
de renda e de terras
para o bem desta nação.
Movimentos populares
de reivindicação
pela Reforma Agrária
têm crescido neste chão,
fortalecendo nosso povo
no combate à exclusão.
E, as bandeiras vermelhas
dos “sem terra” organizados,
já flamejam sem horário
sob o grito do operário:
“ocupar, resistir e produzir!”
Este é o lema a persistir.
Se não tens vocação
para a empresa agrícola,
por que reter a terra?
È ser muito egoísta!
Promova a Reforma Agrária
e serás pessoa altruísta.
Na família, às vezes,
tem o agricultor latente,
ceda, então, o espaço
para aqueles competentes
ou, senão, dê a chance
aos que são aderentes.
A mão-de-obra familiar
pode, muito bem, ser obtida
conforme solidariedade
em metas pré-definidas
e a sustentabilidade da terra
será, então, defendida.
As cidades estão inchadas
pelo êxodo rural
e assentar o homem no campo
pela agricultura geral,
torna-se, um tanto, premente:
essa é uma questão ambiental!
Sem mão-de-obra e capital
p'rá gerar economia,
que serventia tem a terra,
esse meio de produção?
Só se for para reserva,
preservando a ecologia.
Por se fazer necessária,
ampliou-se o movimento
pela Reforma Agrária
e, em cada assentamento,
tornou-se um tormento
as técnicas agropecuárias.
Mas vale a pena tentar,
se, da lavoura, ainda,
não sabes cuidar,
espera-se que um dia... saibas!
Pois, o processo dialético
na interação com técnicos,
gerando o “feed back”,
pode, a todos, transformar.
Envolve a Reforma Agrária,
em holística concepção,
a mudança de paradigma
nos sistemas de produção
p’rá conservação dos recursos
da futura geração.
O modelo agrário geral,
meramente capitalista,
chamado convencional,
tornou-se consumista
da indústria de agrotóxicos;
é um modelo anti-ecológico
que ao meio-ambiente prejudica.
Jamais, por mera retórica,
faço essa observação:
o que liga o homem à terra
não é o mísero milhão,
o lucro conseqüente
de qualquer plantação
depende do manejo do solo,
é uma constatação.
A mãe-natureza,
em louvável ação,
sempre aponta o caminho,
exigindo observação:
os fenômenos estão patentes,
mas, aquilo tão aparente
pode ser mera ilusão.
O manejo dos solos
requer sabedoria,
respeito à natureza,
dinâmica harmonia,
boa dose de ciência,
um tanto de paciência
um pouco de poesia.
Um semeador saiu a semear
em terra seca dura semente,
palavra p’rá gente
feita de pedra que vira pó.
À beira do caminho
pássaros fizeram ninhos,
a poesia se esparramou,
provaram, dela, os passarinhos;
o semeador chorou baixinho
pela semente que não brotou.
Há, sempre, uma cruz
marcando na estrada
um fim de jornada
e a semente plantada
em terra adubada,
profunda e fecunda
com a chuva renascerá...
Trazendo alegria
na alma refeita,
após a colheita
e aquele banquete
regado a bom vinho,
no Sul da Bahia,
sem cama macia,
um poeta se deita,
descansa a caneta
e dorme sozinho.
Semente lançada,
ação consumada.
Atenção no aviso,
não corra perigo,
quem planta mostarda,
não colhe pepino.
Aprendi com os antigos,
desde menino:
não faça o que faço,
mas, faça o que digo.
Não podemos deixar
de chamar a atenção
p’rá séria questão agrária
que comove “certa” região
e requer das autoridades
uma justa intervenção.
A região supracitada
é a Região Sul da Bahia,
por muitos decantada
em forma de prosa e poesia
e tem na cacauicultura
a base da economia.
A “febre do cacau” gerou
essa questão mui delicada,
pois, em Reserva Indígena,
áreas foram tituladas,
levando índios e fazendeiros
a se enfrentarem em luta armada.
Os conflitos se estendem,
há mais de vinte anos,
fazendeiros e indígenas
vêm se digladiando
e as “terras do sem fim”
com sangue manchando.
É dado este recado
com muita emoção,
quem quiser me conhecer,
será uma satisfação
receber o seu abraço
e seu aperto de mão.
“Quem tiver olhos, que veja,
quem tiver ouvidos, que ouça”,
o meu nome vou dizer,
sou um espírito que erra,
peregrino nesta terra,
contudo, amo você...
U m simples servidor,
L ivre pensador,
I nvocando ao Senhor,
S em hipocrisia;
S obre Reforma Agrária,
E m “terras do sem fim”,
S emeia poesia....
P oeta oportunista,
R ima com a ocasião,
U ma musa encantadora
D á, ao poeta, inspiração.
E m solo brasileiro,
N unca vi, então,
T anto embusteiro
E nriquecer “metendo a mão”.
D izem que “Deus é brasileiro!”
A bençoado, seja este chão!
S em-terra, sem-teto, sem-pão...
I nvoquemos, Deus, primeiro!
L ivrai-nos, ó Deus, da humilhação...
V amos à luta companheiros!
A baixo a exclusão!
Este recado é liberado
aos meios de comunicação.
Espero, apenas,
do meu nome, a menção,
mas, se me ofertarem dinheiro...
aceitarei com gratidão.